DEFENDER A PETROBRÁS É DEFENDER A EDUCAÇÃO

Elida Elena

Na última semana, trabalhadores da Petrobrás decretaram greve. A paralisação, que já envolve mais de 108 unidades e 20 mil trabalhadores, foi motivada pelo anúncio da demissão de mais de mil petroleiros de uma fábrica de fertilizantes no Paraná e contra a política de desmonte que Jair Bolsonaro vem aplicando na empresa. Estudantes e petroleiros se reencontram nesta luta em defesa da Petrobras, da soberania e dos direitos do povo brasileiro. 

A década de 1950 ficou marcada no Brasil por uma intensa mobilização sobre os rumos da exploração do petróleo. A União Nacional dos Estudantes (UNE), que, desde sua fundação, tinha no seu debate político as questões nacionais, foi uma das principais protagonistas da campanha “O petróleo é nosso”, que culminou com a criação da Petrobras em 1953. Naquele período, havia um forte debate entre os setores organizados da sociedade, divididos entre os que concordavam com a entrada de empresas estrangeiras para a extração do petróleo e os que defendiam o monopólio estatal nacional. 

A UNE teve um papel destacado no processo da disputa de ideias sobre a importância do monopólio nacional na exploração da riqueza que é o petróleo. Na visão da entidade, defender esta posição era defender a soberania do país, parte essencial para a construção de um projeto nacional de desenvolvimento.

A participação da UNE foi, sem sombra de dúvidas, fundamental para tornar a campanha bem-sucedida: inovaram-se os métodos de organização por meio de ferramentas que estimularam o potencial criativo da juventude brasileira, apostando na produção de cultura para dialogar com trabalhadores e estudantes do Brasil inteiro. O Centros Populares de Cultura (CPC) da UNE construíram peças como Versão brasileira, de Oduvaldo Vianna Filho, e O petróleo ficou nosso, de Armando Costa. 

A trajetória que vincula a UNE à Petrobrás tem, portanto, uma ligação histórica costurada pela defesa do Brasil e da educação. A luta para que o fundo social do pré-sal fosse revertido para a educação foi uma luta para atingir os 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a área, contribuindo para a expansão e maior qualidade dessa política no Brasil.

O atual momento histórico é marcado por ataques do governo Bolsonaro à soberania nacional, à educação e ao conjunto dos direitos conquistados pela classe trabalhadora. O governo já anunciou seu interesse em privatizar diversas e importantes empresas estatais. No caso da Petrobras, o desmantelamento anda a todo vapor por meio do fechamento de unidades produtoras e de demissões em massa. Contra estas medidas, os petroleiros do país estão em greve.

É necessário que estejamos ao lado dos petroleiros porque a greve por eles deflagrada é em defesa da soberania nacional, em defesa da maior empresa estatal do país e contra a subserviência do governo Bolsonaro aos interesses estrangeiros. É fundamental que nós, estudantes, manifestemos a nossa solidariedade a essa luta.

A ação política da UNE é norteada pela defesa do Brasil, da democracia e dos direitos. Por isso, defender a Petrobras é uma luta também dos estudantes brasileiros. Defender a Petrobras é defender a educação e o Brasil.

*Elida Elena, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes e integrante do Levante Popular da Juventude

Fonte: Brasil de Fato