Leia o termo de antecipação da inflação e entenda por que é uma manobra

Durante a 1ª rodada de negociações do ACT 2011 com a FNP e Sindipetro-RJ, a Petrobrás apresentou o Termo de Compromisso que as entidades sindicais devem assinar para receber a antecipação da inflação. O Sindipetro-LP disponibiliza a minuta na íntegra (clique aqui) para que você entenda por que este acordo proposto pelos governistas é uma traição à categoria petroleira.

Embora tenha totais condições de efetuar esta antecipação sem qualquer participação/assinatura dos sindicatos, pois é uma prerrogativa da empresa, a Petrobrás insiste na versão de que este termo é uma necessidade. Na mesa de negociação, Diego Hernandes deixou escapar as razões: "Para que depois vocês não digam que a gente deu porque quis". Ora, mas não é exatamente esta a situação? Na época em que a companhia premiou 9 mil empregados de cargo de confiança com os R$ 90 milhões, nenhum documento foi assinado e os sindicatos sequer foram informados desta medida.

Mas as razões e a vontade de que este termo seja assinado não se resumem ao relatado acima. Nos informativos enviados à força de trabalho, a companhia foi bem clara em afirmar que "vai repor inflação antes das negociações do ACT". Entretanto, a companhia não informa apenas a antecipação do reajuste pela inflação.

No Parágrafo 1º, da cláusula 1ª da minuta, a empresa afirma, assim como em ACTs anteriores, que "A tabela praticada na Companhia até 31/12/06, será mantida para fins de correção das suplementações dos aposentados e pensionistas que não aderiram à repactuação do Regulamento Plano Petros do Sistema Petrobras."

Ou seja, a empresa está se referindo neste trecho à tabela congelada imposta aos aposentados e pensionistas que não repactuaram, um ataque da Petrobrás que os sindicatos da FNP vêm combatendo em todas as campanhas salariais. Assinar este termo é admitir - em primeiro lugar - que concordamos com o reajuste pelo IPCA, e não pelo de maior índice, e - em segundo lugar - com a tabela congelada. Tudo isso, antes de qualquer mobilização, antes de qualquer tentativa de conquista através da ação direta dos trabalhadores? Isto não deve ser considerado manobra da Petrobrás e mais uma traição dos governistas?

Ao contrário do que informa em seus comunicados, a empresa - por meio desta minuta - já está negociando o ACT. E o pior: em parcelas, justamente para esvaziar o movimento e enfraquecer a luta pelas reivindicações da pauta histórica da categoria. Petrolino diria que a empresa inventou uma nova dinâmica de negociação, com o "ACT Frankstein", construído em partes.

A afirmação de que a assinatura desta minuta "não importa em prejuízo à continuidade da negociação do ACT" carece de credibilidade e cai no vazio, pois sabemos que na prática a pretensão da companhia, sob o comando do Governo, é impor aumento real zero e sufocar as lutas deste período, jogando nas costas dos trabalhadores a conta da crise.

A FNP entende que a trincheira de luta deve ser construída a partir de mobilizações, a exemplo do que estão fazendo neste momento os trabalhadores dos Correios e Bancários. Assinar este termo é trair a categoria petroleira e trair todo o movimento sindical que está lutando por aumento real no salário básico.