Descaso e perigo rondam as plataformas do Litoral Paulista

Sem abastecimento de aeronaves em Itanhaém, Petrobrás alonga percurso dos voos e aumenta o risco de acidentes aéreos com trabalhadores

A presidente Graça Foster tem dado sucessivas declarações de que pretende chegar à estaca zero de acidentes, mas a realidade no local de trabalho mostra que este objetivo está cada vez mais longe de ser alcançado.

No Litoral Paulista, uma lambança criada pela UO-BS está gerando riscos concretos à vida dos trabalhadores embarcados e gerando transtornos desnecessários. Há mais de um mês, o abastecimento das aeronaves que transportam os petroleiros das plataformas de Merluza e Mexilhão foi suspenso no aeroporto de Itanhaém.

Segundo informações recebidas pelo Sindicato, a causa seria o descumprimento de exigências de segurança do Corpo de Bombeiros por parte da BR Distribuidora - responsável pelo abastecimento. Entretanto, tal informação ainda não foi repassada de forma oficial pela empresa - atitude que não contribui para uma relação transparente entre Sindicato e Companhia.

Com essa restrição, o abastecimento foi transferido para a Base Aérea de Santos, mudança que aumentou em uma hora o percurso dos voos para embarque e desembarque dos trabalhadores.

Além de aumentar o risco de acidentes desses voos, uma vez que foi criado mais um ponto de embarque e desembarque, tal mudança tem atrapalhado a rotina desses trabalhadores. Nos desembarques, por exemplo, a empresa está obrigando todos os petroleiros, mesmo aqueles que moram em Santos ou em cidades vizinhas, a seguir viagem ao Aeroporto de Itanhaém, mesmo após parar para abastecer na Base de Santos.

A justificativa? Segundo a empresa, é preciso revistar os trabalhadores, procedimento que é realizado apenas em Itanhaém. O Sindicato repudia e não aceita este tipo de tratamento conferido aos trabalhadores. A sensação da força de trabalho, que está indignada, é de que a Petrobrás está tratando os trabalhadores, que passam 14 dias confinados em alto mar para construir esta empresa, como potenciais bandidos.

Além disso, não podemos deixar de estranhar que a mesma gerência que tanto trabalho deu para realizar o pagamento de horas extras e conceder, após pressão e luta, direitos já garantidos por lei e pelo ACT, esteja disposta a arcar custos elevados para prejudicar os trabalhadores. Afinal, o acréscimo não é apenas de tempo, por conta da viagem maior, o acréscimo também é de recursos.

A categoria não pode ser punida por falhas cometidas pela própria companhia. Por isso, cobramos da empresa uma solução imediata, sem enrolações, para este absurdo. A luta contra os acidentes de trabalho e por uma política efetiva de SMS não deve estar apenas nos discursos de posse. Deve fazer parte da prática cotidiana da empresa.

Com a palavra, a presidente Graça Foster.

Texto atualizado às 14h de 30/10/2012