Petroleiros da RPBC sofrem um dia de caos após chuva e incompetência gerencial

Como se não bastasse um dia de chuva que em apenas quatro horas foi maior do que todo o mês de fevereiro, os petroleiros da RPBC sofreram ontem (22/02) uma série de erros e incompetência gerencial na volta para casa.

Alguns trabalhadores, tanto do turno quanto do ADM, só puderam sair da refinaria às 20h após muita confusão, informações desencontradas e desrespeito em função de situação já vivida anteriormente que parece não ter servido de lição. Os empregados do ADM que moravam em regiões mais próximas conseguiram chegar às suas residências depois das 23h.

Uma sucessão de erros do início ao fim Logo na saída dos trabalhadores do ADM, por volta das 16h30, surgiram os primeiros problemas. Por não existir nenhuma marquise na área de estacionamento dos ônibus, reivindicação antiga do Sindicato, os empregados foram obrigados a tomar chuva durante um longo período, sem qualquer ação da empresa para amenizar esse transtorno.

Após verificar que as estradas estavam congestionadas, a gerência da unidade comunicou os trabalhadores de que o mais seguro seria aguardar a situação se normalizar. Em uma reunião no auditório com os trabalhadores do ADM, o Gerente Geral explicou a situação, afirmando que a medida era para garantir a segurança e o conforto dos empregados. Além disso, comentou que já estavam articulando o fornecimento de alimentação, uma vez que a última refeição de todos os empregados havia sido ao meio-dia.

Entretanto, cerca de meia hora depois do comunicado, por volta das 20h, a empresa voltou atrás, não forneceu lanche ou refeição suficiente para todos (a maioria não recebeu qualquer alimento) e resolveu embarcar os empregados nos ônibus - mesmo com todo o caos lá fora. Sem alimentação, sem água e sem banheiro, os trabalhadores passaram longas horas de transtorno dentro dos ônibus. Soma-se a isso o risco de serem assaltados em meio ao congestionamento.

No turno, a situação não foi diferente. A tempestade atingiu todo o polo industrial de Cubatão e a refinaria não passou imune ao caos gerado pela chuva. O carro de uma terceirizada teve um princípio de incêndio e mais de 20 automóveis que estavam em um dos estacionamentos foram tomados pela água da chuva até o teto.

Diante da chuva, a primeira unidade que precisou da intervenção dos operadores para ser parada com segurança foi a URA e, logo depois, a URC - curiosamente a unidade que o gerente de produção da unidade insiste em realizar, unilateralmente e sem respaldo técnico, a redução do quadro mínimo. Em meio à tempestade, muitos trabalhadores tiveram que realizar manobras operacionais com água na altura dos joelhos. Percebe-se, através desta experiência, que a intenção de diminuir o efetivo da unidade é uma iniciativa que coloca em risco a segurança da refinaria e dos trabalhadores.

Após serem comunicados de que a saída não seria liberada por questões de segurança, os trabalhadores do turno também foram avisados de que os ônibus sairiam às 20h. Mesmo com todo o caos nas avenidas e estradas da região, a empresa manteve a decisão de liberar os operadores do Grupo 3.

Os operadores manifestaram o desejo de continuar na refinaria, uma vez que seria (evidentemente) mais seguro e tranquilo. Mesmo assim, a empresa manteve a decisão com a estranha alegação de que o trânsito já estava normalizado. Os testemunhos de colegas, as reportagens nas tevês e as matérias em diversos veículos mostram justamente o contrário.

Neste sentido, a impressão é de que a maior preocupação da empresa não era preservar a segurança dos trabalhadores, mas sim se livrar o mais rápido possível deste problema. E a solução encontrada por ela foi despachar os empregados pra fora da refinaria, mesmo sabendo que os ônibus - sem banheiro, água ou qualquer alimentação a bordo - não teriam hora pra chegar.

O Sindicato espera que este dia de caos sirva de lição para a empresa e exige a suspensão da redução do quadro mínimo e uma infraestrutura adequada às condições climáticas no embarque e desembarque dos trabalhadores. A construção de uma marquise é reivindicação antiga. Além disso, é tarefa da companhia estar preparada para qualquer imprevisto, pois uma unidade de refino - que trabalha 24h por dia - não pode alegar com naturalidade e sem culpa que não havia lanche na refinaria.

Afinal, é em casos de emergência como a desta sexta-feira, trágica para muitas pessoas da Região, que a companhia coloca em prova a sua capacidade de responder positivamente às contingências que surgem. Por isso, não podemos admitir que a maior empresa do país não estivesse preparada para esse tipo de situação.

SOLIDARIEDADE Por conta das fortes chuvas, a prefeitura de Cubatão decretou estado de emergência neste sábado (23). A Defesa Civil da cidade registrou 13 pontos de deslizamentos de terra na cidade nos bairros de Cota 95, Cota 200, Caminho dos Pilões e Morro do Índio. Pelo menos 239 pessoas estão abrigadas no Centro Esportivo Castelão.

Muitas famílias perderam tudo que tinham, desde alimentos, até cobertores e eletrodomésticos como geladeira e fogão. Por isso, pedimos a todos os petroleiros que formem uma ampla corrente de solidariedade aos demais trabalhadores da região. Segundo a Prefeitura, o Centro Esportivo Castelão (Rua Embaixador Pedro de Toledo, 365) centraliza o recebimento de donativos. A maior necessidade neste momento é de lençois, cobertores, toalhas de banho e brinquedos.