Para blindar governo Dilma, FUP aprofunda governismo e transfere culpa dos leilões à ANP

Em uma busca cega e desmoralizante de tentar blindar o governo Dilma a qualquer custo, a FUP tem se mostrado, mais uma vez, vacilante frente à necessidade de uma luta efetiva contra os leilões do petróleo, que acontecerão nos dias 14 e 15 de maio, no Rio de Janeiro.

Em nenhum dos artigos até agora divulgados pela federação em seu site há uma linha sequer de crítica ao governo federal, hoje ocupado pelo PT, ou à figura da presidente Dilma pelos leilões do petróleo.

O malabarismo encontrado pela FUP para evitar mais desgaste a um governo que se elegeu com um discurso anti-privatista tem sido reproduzir uma manobra delirante da base do governo: diante do enorme crime que está sendo cometido pelo governo Dilma, alguns setores atrelados ao PT estão tentando transferir a responsabilidade da entrega do nosso petróleo à ANP, a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Isso mesmo, a agência que - todos sabem - é submetida às ordens e vontades do Governo Federal, do governo Dilma.

Figuras conhecidas da FUP escrevem artigos com trechos como "a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o Ministério de Minas e Energia (MME) pretendem ofertar ao capital privado áreas exploratórias importantíssimas do nosso subsolo". Ou então, títulos de matérias como "ANP encabeça o lobby contra o Brasil e a Petrobrás".

O nome privatização sequer é citado em seus textos, mesmo esses dirigentes sabendo que leiloar é privatizar! Com generalidades e eufemismos como "retrocesso", "erro", "concessão" e "desnacionalização", esta federação se furta de falar a verdade aos trabalhadores. Enfim, se furta de cumprir o papel que qualquer entidade sindical legítima deve cumprir em um momento-chave como este: denunciar os leilões do petróleo, denunciar os verdadeiros responsáveis por este crime.

Que a FUP trai a categoria ano a ano nas campanhas de PLR e de ACT, todos os petroleiros já sabem. Que a FUP finge mobilizar a categoria, com calendário de greves nunca cumpridos, todos os petroleiros já sabem. O que causa indignação, e em certa medida alguma surpresa entre os trabalhadores petroleiros, é que mesmo diante de um crime de lesa-pátria - aplicado com uma lei criada por FHC - a federação governista prefere fingir que nada disso tem relação com a política econômica do Governo.

No total, serão entregues aproximadamente US$ 3,7 trilhões de dólares às multinacionais com a entrega do petróleo brasileiro. Serão colocados à venda 289 blocos, sendo 166 no mar - 81 em águas profundas, 85 em águas rasas - e 123 em terra. Esta será a 11° rodada de leilão, a sexta só nos governos do PT. As outras 5 rodadas foram durante o governo FHC. Mas para a FUP, em seu mundo da fantasia, a culpa é da ANP.

A privatização sob o governo petista dos aeroportos, dos portos e das rodovias, além da tentativa de privatizar os Correios, também nunca foi citada pela FUP. A privataria tucana, outro roubo ao povo brasileiro, é divulgada incansavelmente pelos governistas. Mas a privataria petista, muito maior em valores, não mereceu até agora nenhuma atenção!

Não nos causa surpresa o porquê deste silêncio oportunista. Este é o preço que a categoria e a sociedade de conjunto estão pagando pelos privilégios obtidos por esses dirigentes na alta cúpula da Petrobrás, na direção da Petros e em outros setores do Governo como secretarias e ministérios.

O Sindipetro-LP e a FNP se orgulham de não ter rabo preso com a Petrobrás e nem com o governo. A independência frente ao Governo e a autonomia frente aos partidos políticos formam a base de nossa atuação. Por isso, é com grande tranquilidade que sempre denunciamos as tentativas tucanas de privatizar a Petrobrás e entregar o nosso petróleo ao estrangeiro. É com tranquilidade idêntica que denunciamos a privatização comandada hoje pelo governo petista.

Sem argumentos, a brigada governista - e aí está incluída a FUP - transforma todos os críticos do Governo Federal em militantes de direita. Nada mais desonesto e superficial. Para eles, não é possível criticar o governo do PT sem ser "tucano" ou sem fazer parte do PIG (Partido da Imprensa Golpista), apelido dado pela base do governo à imprensa conservadora. O que eles até agora insistem em não admitir é que o golpe aplicado contra o povo brasileiro no setor de petróleo é dado pelo governo federal. E não por forças ocultas. O que eles não admitem é que quem está "endireitando" é o governo com a continuidade dos leilões e com a aplicação de uma agenda privatista histórica.

Até agora, a outra federação não respondeu ao nosso chamado para o calendário de lutas que construímos para combater os leilões (veja aqui o calendário). Ainda aguardamos uma resposta positiva para a formação de atos unitários com todos os movimentos sociais e sindicais.

Para nós, a batalha pela soberania nacional e contra a privatização do nosso petróleo não se dá tentando poupar o governo de seus próprios erros e contradições injustificáveis, mas sim fazendo uma denúncia contundente aos leilões do petróleo e uma defesa firme por uma Petrobrás 100% Estatal, com o resgate do monopólio estatal do petróleo.