Duas mortes de petroleiros terceirizados em menos de 72h na Bacia de Santos

Na internet, os álbuns da família permanecem intactos no perfil de Mirival Costa da Silva. Mas o sorriso estampado nas fotografias, ao lado da filhinha, ainda um bebê, e da esposa, passou a ser apenas uma dolorosa lembrança à família desde o último dia 15 de maio.

Mirival morreu em um acidente de trabalho na plataforma de perfuração SS-83 da Queiroz Galvão - contratada pela Petrobrás na Bacia de Santos. A empresa, que segue a lógica do lucro a qualquer custo, foi responsável - um dia antes - pela aquisição de oito blocos de petróleo na 11ª rodada de leilões, realizada pelo Governo Dilma.

Em seu mural na rede social, invadido por mensagens de dor e consternação, a esposa não se conforma. "Quero você aqui de volta, não me conformo... Estava tudo tão bem. Eu te amo". Aos 35 anos, Mirival não foi acometido por uma fatalidade ou por um destino insólito. Na verdade, foi mais uma vítima fatal da negligência das empresas do setor com a segurança dos empregados. Foi mais uma vítima da política de terceirização da Petrobrás, que fere, mutila e mata milhares de petroleiros terceirizados ao longo dos anos.

A estatística, como os gestores da Petrobrás consideram esses trabalhadores, é assustadora. Desde 1995, pelo menos 329 petroleiros morreram em acidentes de trabalho no Sistema Petrobrás, dos quais 265 eram contratados de empresas privadas.

Mirival caiu de uma das cestas da plataforma, a uma altura de sete metros, quando realizava uma operação. Menos de 72 horas depois, sem tempo nem mesmo para chorar a morte deste trabalhador, outro petroleiro de empresa privada, Leandro de Oliveira Couto, 34 anos, também morreu em circunstâncias semelhantes, no último sábado, dia 18 de maio.

Leandro também estava a bordo de uma plataforma na Bacia de Santos, a plataforma de perfuração SS-69, operada pela Seadrill. Também a serviço da Petrobrás, que em nenhum dos dois casos se manifestou. O plataformista morreu imediatamente após sofrer uma queda de uma altura de 20 metros, durante uma operação de descida de revestimento em um poço. Foi o quarto acidente fatal este ano no Sistema Petrobrás, envolvendo trabalhadores de empresas prestadoras de serviço.

Com informações do Sindipetro-NF