Petroleiros fazem greve de 24h e paralisações no Dia Nacional de Lutas

Os sindicatos que compõe a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) tiveram hoje, 11 de julho, participação maciça no Dia Nacional de Greves, Paralisações e Mobilizações de rua, levando para as avenidas, rodovias e portas de fábricas a luta contra o leilão do petróleo, com a defesa por uma Petrobrás 100% Estatal. Os protestos, realizados por diversas categorias, movimentos sociais e estudantes, se alastrou pelo país inteiro.

Além da luta para barrar a venda do campo de Libra, marcado pelo governo Dilma para 22 de outubro, os petroleiros também aproveitaram o 11 de julho como preparativo para a campanha reivindicatória, cuja pauta histórica será entregue ainda este mês à companhia. A intenção é aproveitar o enorme cenário de mobilizações no país para impulsionar as lutas dos petroleiros, com a batalha contra a entrega do petróleo e por aumento real no salário básico.

Cenário nacional da FNPA FNP conseguiu grande adesão da categoria em todas as suas bases. No Litoral Paulista, os trabalhadores da RPBC, em Cubatão, sequer chegaram ao local de trabalho na parte da manhã. Tanto os petroleiros de turno, quanto os petroleiros que trabalham em regime administrativo, voltaram para casa antes mesmo de chegar ao município de Cubatão.

O bloqueio ao pólo industrial de Cubatão, cujas fábricas foram paralisadas (Petrobrás, Cosipa, Vale e outras) pela ação conjunta dos sindicatos de petroleiros, da construção civil e metalúrgicos, começou ainda de madrugada na divisa entre Santos e Cubatão, no bairro do Casqueiro. A estimativa é de que mais de 30 mil trabalhadores deixaram de trabalhar nesta quinta-feira, fazendo com que o interior das fábricas amanhecessem em silêncio. A ação ainda teve o apoio dos sindicatos dos bancários e servidores municipais, que depois se deslocaram até a Praça Mauá em Santos para realizar um ato unificado de todas as categorias. Cerca de 500 pessoas participaram da manifestação, dentre elas petroleiros dos prédios administrativos da cidade.

Diversas rodovias da região como a Anchieta, Padre Manoel da Nóbrega e Cônego Domenico Rangone foram obstruídas, assim como a divisa entre Santos e São Vicente, após ato realizado por sindicatos, estudantes e o Movimento Passe Livre (MPL) no começo da manhã. Com isso, estradas foram paralisadas, avenidas ficaram congestionadas e ônibus deixaram de circular.

O mesmo foi feito na entrada do Porto de Santos, o maior da América Latina, onde os trabalhadores portuários e da estiva estão desde ontem (10/07) de braços cruzados. Estivadores chegaram a ocupar nesta quinta-feira um navio.

Já no período da tarde, os petroleiros do turno das 15h chegaram à refinaria, mas após uma hora de atraso voltaram para suas casas. A rendição de turno será realizada apenas às 7h de amanhã (12/07), fazendo com que a greve na refinaria chegue a 32 horas, uma vez que o grupo responsável por fazer a rendição no final da noite desta quinta-feira é o que está dentro da refinaria desde as 23h de ontem (10/07). No Tebar, em São Sebastião, houve paralisação das 7h às 9h e 20% do efetivo cruzou os braços nesse período. Na UTGCA, em Caraguatatuba, a categoria também cruzou os braços por duas horas.

Na Revap (Refinaria Henrique Lage), em São José dos Campos, os trabalhadores do turno aderiram em 100% e o ADM também aderiu em grande parte. No Rio de Janeiro, houve uma assembleia na porta do TABG, onde a categoria aprovou por unanimidade a greve de 24 horas. No Edifício Torre Almirante (base administrativa) o Sindipetro-RJ fez trancaço das 7h às 9h e na unidade de Angra houve paralisação durante algumas horas. Além disso, houve agitação na porta do Edise (Edifício-Sede da Petrobrás).

A greve foi geral também na base do Sindipetro PA/AM/MA/AP, com duração de 24h. Na Transpetro Belém e no Porto Encontro das Águas (PEA) houve trancaço com forte adesão de petroleiros primeirizados e terceirizados. No prédio de Manaus houve paralisação das 7h00 às 10h00.

O Sindipetro AL/SE teve 100% de adesão dos trabalhadores da Sede Administrativa da Rua Acre e da Fafen (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados). No local foi realizado um ato central com o apoio de diversas entidades e grupos de movimento popular. Nas unidades de Carmópolis e Atalaia houve adesão parcial . Na Brasken houve paralisação do adm e turno e nas áreas de Pilar e Furado houve atrasos na entrada do pessoal administrativo.

Um dia históricoApós anos de greves isoladas e realizadas pontualmente pelas categorias apenas em campanhas salariais, o Brasil voltou a assistir, depois de muitos anos, um grande dia nacional de greves e paralisações, fruto e consequência das mobilizações gigantescas que varreram as ruas do país contra o reajuste das tarifas de ônibus.

Somente este fato já torna o 11 de julho de 2013 uma data histórica. Segundo o próprio movimento sindical reconhece, o país não tem como na Europa grande tradição de greves gerais. A última grande greve geral ocorreu em 1989, contra o plano Verão do governo Sarney.

Neste sentido, esta paralisação em nível nacional é uma vitória estrondosa de todos os trabalhadores do país, gerando um novo salto na realidade. Com as recentes conquistas da juventude, os trabalhadores voltaram a acreditar em suas próprias forças, levando ao pé da letra a máxima de que só com lutas há conquistas. Enfim, de que é possível lutar, de que é possível conquistar.

Para se ter uma ideia da dimensão do 11 de julho ao menos 80 trechos de estradas em 18 estados foram interditados por manifestantes. Além de atos em rodovias, passeatas realizadas pelos trabalhadores e estudantes, reeditando a necessária aliança operário-estudantil, ocuparam ruas e avenidas de diversas cidades, fecharam o acesso a alguns portos e impediram o funcionamento de serviços de transporte público e de correio. Em ao menos cinco estados agências bancárias não abriram normalmente, como em Santos, onde os bancos amanheceram fechados.

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