UO-BS lança política de terceirização na UTGCA

Em um período de grandes discussões no movimento sindical sobre o PL 4330, que visa ampliar ainda mais as terceirizações em todo o país, a UO-BS lança uma ofensiva na UTGCA para terceirizar atividades hoje ocupada por petroleiros diretos da Petrobrás.

O alvo da empresa é o setor de Turbos Geradores de Energia, conhecido e chamado pela força de trabalho como TG. Atualmente, este setor é operado pelos petroleiros diretos com o apoio logístico dos trabalhadores da Rolls-Royce. Entretanto, a partir de agora a intenção da companhia é repassar todas as tarefas, tanto de manutenção quanto de operação, para a multinacional.

Este verdadeiro absurdo é justificado de maneira informal com a alegação de que a ampliação da unidade têm feito com que a demanda aumente em todos os setores, obrigando a companhia a eleger determinadas prioridades. Outra alegação ventilada seria que ainda não teria sido liberada a chegada de novos técnicos de manutenção próprios para a unidade, seja por meio de concursos ou transferências de outras unidades.

Evidentemente, nenhuma das duas argumentações se sustentam e, além disso, sequer são admitidas como oficiais. Isso porque, a rigor, não há razão lógica para terceirizar este setor e nenhum outro. Em um momento em que o movimento sindical e os trabalhadores exigem a redução da terceirização, a empresa atua na contramão.

Todos nós sabemos que terceirização significa precarização das condições de trabalho. Os petroleiros terceirizados são os que mais sofrem com assédios e pressões, acidentes de trabalho, muitos deles fatais, são os que mais sofrem com retirada de direitos, benefícios inferiores aos dos petroleiros diretos e inúmeros calotes, seja no pagamento dos salários, hora-extra, FGTS e outros benefícios. Fatos graves que vão contra as próprias diretrizes de SMS da companhia, assim como seu Código de Ética (usado apenas para punir os trabalhadores).

Enquanto existem cerca de 90 mil petroleiros diretos, existem quase 400 mil indiretos. Entre 2002 a 2011, o número de terceirizados na Petrobrás cresceu 171%. Na Petrobrás, morre em média um trabalhador por mês em acidente de trabalho e cerca de 20 acidentes acontecem por dia. A terceirização de 80% da mão de obra, que já não tem estabilidade no emprego e é superexplorada, afeta também o trabalhador direto. Isso acontece porque quase se não contrata mais trabalhadores através de concurso (muitos aprovados em concursos da Petrobrás seguem numa espera longa para serem chamados) e transformam os petroleiros da Petrobrás em coordenadores de equipes terceirizadas e fiscais de contratos terceirizados.

Silêncio e omissãoAté o momento, a UO-BS não se pronunciou oficialmente sobre esta decisão e sequer comunicou o Sindipetro-LP. Lamentamos esta postura intransigente, que demonstra na prática a intenção da gerência de executar esta medida à revelia dos trabalhadores e do sindicato. E não é por acaso. Os gestores da unidade sabem que nem a força de trabalho e nem o Sindicato aceitam este absurdo.

Em um momento de grandes enfrentamentos, com a luta contra os leilões do petróleo se convertendo também em uma luta pelo direito do emprego, pela defesa de uma Petrobrás 100% Estatal, a unidade da categoria é fundamental para resistir aos ataques do Governo e da empresa. Não podemos aceitar a política de desinvestimento aplicada por Dilma na Petrobrás sob o pretexto de fortalecer a companhia para os leilões do pré-sal. Afinal, nós somos frontalmente contra os leilões e defendemos uma empresa que seja gerida pelos trabalhadores e não comandada pelos acionistas e especuladores.

Graça Foster argumenta que apertar os cintos é necessário. Não podemos admitir isso. Aplicar o PROCOP é aumentar os riscos de acidente, diminuir as condições de segurança e estimular o assédio moral das chefias sobre os trabalhadores, com a exigência de mais produção em menos tempo.

O avanço da terceirização ameaça o conjunto dos trabalhadores. A precarização pressiona pra baixo os salários dos não terceirizados" e serve como uma chantagem para que trabalhadoras abram mão de direitos. E isso nós não podemos admitir.

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