Proposta apresentada pela Petrobras divide e discrimina a categoria

Pela proposta de estruturação e valoração de carreiras (PCAC), apresentada pelo RH corporativo da empresa em reunião com a Frente Nacional dos Petroleiros (FNP), no último dia 27, no Rio de Janeiro, os petroleiros brasileiros continuarão a figurar como mendigos" da indústria do petróleo.Entre outros pontos que foram apresentados, um deles reforça ainda mais a discriminação entre os trabalhadores: a criação de duas tabelas salariais, o que significa nova divisão da categoria. Pelo novo modelo, a promoção automática, que antes era de 24 meses e garantia um nível para todos os empregados, passou para meio nível a cada 36 meses, e os empregados que estão sem receber nível há cinco, dez anos continuariam na mesma situação.Segundo o RH a valoração das funções se deu através de pesquisa comparativa com os salários pagos por grandes empresas nacionais, significando que continuaremos a ser os eternos "mendigos do petróleo", com salários que representam um terço dos praticados pelas demais indústrias de petróleo do mundo.De acordo com os representantes do Sindipetro-LP, falta ainda uma parte muito importante da proposta que é a descrição das atribuições de cada cargo.Por isso, a partir de agora os sindicatos que compõem a FNP promoverão uma discussão permanente com a categoria, objetivando adequar o Plano de Classificação e Avaliação de Cargos (PCAC) apresentado aos nossos anseios já que a Petrobrás desta vez está sinalizando que quer o aval dos sindicatos ao plano.Estamos com reunião com a empresa marcada para o próximo dia 3, quinta-feira, para iniciarmos as discussões. Após a divulgação das atribuições dos cargos podemos, inclusive, chamar setoriais para avaliação. Temos que ter em mente que o nosso futuro profissional está vinculado ao PCAC e a empresa levou mais de três anos na sua elaboração. É necessário fazer uma análise criteriosa antes de qualquer aprovação.Pontos favoráveisResumindo: o plano apresenta alguns pontos favoráveis como a recomposição salarial das menores faixas instituindo, dessa vez, um piso salarial acima do atual nível 220, entretanto, para os demais funcionários não é oferecido praticamente nada.O novo modelo garante ainda que os empregados ""topados"" terão mais alguns níveis para tentar galgar em suas carreiras, porém traz grandes retrocessos como a separação das verbas de promoção e avanço de nível (só falta aparecer gerente novamente devolvendo verba de promoção).Outros exemplos negativos que podem vir a ser concretizados são a manutenção da promoção para o terceiro cargo (sênior) por indicação, a reunificação da nomenclatura (e as atribuições?) dos cargos de manutenção, bônus disfarçado para os ""amigos do rei"" que, uma vez topados no novo plano, passarão a receber todos os anos que forem indicados para avanço de nível indenização de 14 vezes o valor desse nível (que verba restará aos empregados normais?).Com o intuito de prejudicar os processos judiciais de trabalhadores que hoje já estão há até 11 anos sem movimentação de mérito, a Petrobrás implanta um avanço automático de meio nível (1,88%) a cada três anos, sem entretanto apresentar uma forma de recomposição do salário perdido por eles.E com o maior cara-de-pau cria uma tabela salarial separada para o aposentado, tentando com isso obter o que não conseguiram com a campanha de repactuação e mostrando que a Cartilha Neoliberal do FHC continua na mão dos nossos ex-sindicalistas gerentes. Todos esses pontos foram destacados pelos sindicalistas da FNP na mesa de negociação, apesar da reunião ser apenas para uma apresentação inicial de parte do plano. Com isso, a reunião iniciada às 18h durou mais de quatro horas. "