Gerente-executivo da Petrobrás concede à RPBC o ingrato prêmio de pior refinaria de SP

A RPBC é a pior refinaria do Estado de São Paulo. E a afirmação não é nossa - embora pudesse ser. O responsável por esta ingrata premiação é o gerente-executivo de Abastecimento-Refino da estatal, Cláudio Romeo Schlosser, que se assustou com o que encontrou por aqui em visita recente à unidade. Schlosser está fazendo uma série de visitas nas refinarias do Estado e foi aqui onde encontrou a situação mais alarmante. Ou seja, a situação é tão grave que os próprios representantes da companhia reconhecem que a unidade anda mal das pernas.

Vazamentos constantes, insegurança generalizada, pressão sobre os trabalhadores, assédio moral, produção a qualquer custo, boicote à CIPA, subnotifcação de acidentes, jornadas extenuantes, substituição de mão de obra própria por terceirizada (precarizada, claro), efetivo reduzido em toda a área operacional e de manutenção... Esses são apenas alguns dos problemas existentes na RPBC que Schlosser pôde atestar com os próprios olhos.

E não foi por falta de aviso do Sindicato e nem dos trabalhadores. Tal qual as placas que os torcedores carregam nos estádios de futebol em dia de decisão, a frase "Eu já sabia" poderia estar em cada canto da refinaria, estendida em cada mural pelos petroleiros que diariamente enfrentam todas as dificuldades atestadas, agora, pela própria empresa.

Não por acaso, os petroleiros de turno da refinaria deflagraram no mês de março deste ano uma mobilização que durou quase trinta dias, com atrasos de até 3 horas por dia. Na ocasião, a categoria cobrava justamente mais segurança no local de trabalho, o fim dos casos de assédio moral e o aumento do efetivo, cuja redução foi na contramão da expansão sofrida pela unidade nos últimos anos.

A empresa recuou e, pressionada, atendeu parcialmente as reivindicações da categoria, como o retorno do 7º homem da URCA - que havia sido retirado unilateralmente pela gerência. Entretanto, as medidas adotadas pela gerência local passaram longe de contemplar o conjunto de exigências dos trabalhadores e a insuficiência dessas ações é, hoje, confirmada pelo gerente-executivo de Abastecimento-Refino da estatal.

Para piorar, algumas das exigências não foram apenas ignoradas, mas sim confrontadas diretamente pela gerência. Formar uma comissão de investigação para "investigar" os abusos de um supervisor, tendo em sua formação um amigo íntimo do acusado e como desfecho a absolvição sem explicações, apenas confirma o fato de que a exigência pelo fim do assédio moral e pelo respeito à opinião dos trabalhadores foi jogada no lixo.

O Sindipetro-LP espera que agora a gerência, finalmente, atenda todas as demandas da categoria - completamente ignoradas até hoje. E que a responsabilidade e fatura deste vergonhoso prêmio não recaia sobre as costas dos trabalhadores sob a forma de mais assédio e de mais pressão. Dizemos francamente com todas as letras: gerência da RPBC, o mérito por tal prêmio é todo seu.