Oposições articulam lutas sindicais, por aumento real e contra o leilão de Libra

A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) realizou neste sábado, 14 de setembro, o 1º Seminário de Oposições Petroleiras. O palco do encontro foi a sede do Sindipetro-RJ e reuniu petroleiros dos mais diversos estados com um objetivo comum: derrotar as chapas fupistas nas próximas eleições para colocar os sindicatos - ainda sob controle da outra federação - de volta nos caminhos da luta, fortalecendo a construção de uma alternativa de luta para a categoria petroleira.

Estiveram presentes, além dos dirigentes dos sindicatos que formam a FNP, petroleiros de base de estados como Espírito Santo, além das oposições do Sindipetro Unificado (A Base Presente), Sindipetro Norte Fluminense (Oposição Unificada), Sindipetro Duque de Caxias e Sindipetro CE/PI. Representantes do grupo minoritário da atual direção do Sindipetro Bahia também marcaram presença.

O início do seminário contou com duas contribuições importantes: a palestra de Ronaldo Tedesco, conselheiro eleito da Petros, sobre Separação de Massas e Plano Petros 2; e a contribuição de Jardel Leal, supervisor do Dieese (RJ), ao debate sobre campanhas reivindicatórias. Aliás, reforçando o acerto político da rejeição em todas as bases da FNP à antecipação da inflação, o representante do DIEESE declarou estar contente por nossas bases não ter aceitado este engodo.

"Em um cenário que é nacional de categorias se movendo e estimuladas a lutar apenas por questões financeiras, aceitar a proposta da Petrobrás seria com certeza uma forma de esvaziar o restante das reivindicações", afirmou.

Com debates importantes sobre as duas principais campanhas da categoria neste momento - a luta combinada contra os leilões de Libra e por uma campanha reivindicatória vitoriosa -, todos os petroleiros presentes frisaram a importância de encontrar formas de mobilizar e envolver a categoria nesses dois processos. A batalha cotidiana no local de trabalho, não apenas nos períodos que antecedem os processos eleitorais, esteve presente na fala de praticamente todos os companheiros que integram as oposições.

Neste sentido, teve papel relevante as discussões levantadas pelos petroleiros que integram as oposições sobre a realidade de cada base sindical. Como já estava prevista na programação, foram compartilhadas as experiências positivas, dificuldades e metas colocadas pelas oposições em cada região para as próximas eleições sindicais.

Para além disso foi levantada a necessidade de que a FNP tenha uma política consequente com aqueles petroleiros que ainda não se identificam com a federação e sequer possuem uma discussão mais avançada, mas possuem acordo com o programa que defendemos: um sindicalismo independente da empresa e do Governo, com uma atuação que tenha como objetivo derrotar a política entreguista da FUP e combater os ataques do governo federal.

16,53% de aumento no salário base, sim! Leilão de Libra, não!Entretanto, o encontro não serviu apenas para o debate sobre a realidade da categoria petroleira. Serviu também para o encaminhamento de importantes decisões para o próximo período.

Os sindicatos que formam a FNP e as oposições saíram do seminário com a tarefa de colocar na rua e nas fábricas a palavra de ordem "16,53% de aumento no salário base, sim! Leilão de Libra, não!". Esta frase tem um peso simbólico muito grande, pois reflete em síntese justamente as duas lutas mais importantes da categoria neste momento. Ou seja, a defesa intransigente da Petrobrás e do pré-sal brasileiro, com a batalha por aumento real no salário base, com 10% de ganho real e 6,53% de reajuste pelo ICV-DIEESE.

As batalhas contra a venda dos terminais da Transpetro nas cidades de Santos e Belém, cuja licitação já está marcada para 25 de outubro, e contra o avanço das perseguições e demissões dentro da companhia, materializadas hoje por meio de duas comissões de investigação nas bases dos Sindipetros Rio de Janeiro e Litoral Paulista, por exemplo, também foram reivindicadas como prioridades dos sindicatos e das oposições neste momento.

24 de setembro, Dia Nacional de Agitações e ConcentraçõesOs petroleiros reunidos na sede do Sindipetro-RJ definiram ainda apontar o dia 24 de setembro como um dia nacional de agitações e concentrações nas portas das unidades da Petrobrás em todo o Brasil para envolver os trabalhadores nas lutas apontadas acima. Esta data tem um significado simbólico: será o dia em que serão iniciados os acampamentos dos movimentos sociais no Rio de Janeiro e em Brasília contra o Leilão de Libra.

A ideia é que haja a produção de um jornal da FNP, com alta tiragem, para fazer o debate com toda a categoria durante as próximas semanas.

Por fim, a FNP ainda definiu incorporar em suas atividades as tarefas tiradas na Plenária de Movimentos Sociais, realizada em São Paulo nesta semana, dia 13 de setembro, e impulsionar a construção de uma Plenária Unificada com todos os setores em luta, tentando repetir as experiências bem sucedidas de preparação dos dias nacionais de paralisação realizados em 11 de julho e 30 de agosto, como foco na campanha contra o leilão de Libra.

Neste sentido, ficou definida a participação da FNP na reunião de coordenação da CSP-Conlutas, que acontece no Rio de Janeiro, com a intenção de debater a luta contra o leilão.