Programa Mobiliza expõe insatisfação na UTGCA e desmobilização gerencial

Tem circulado nos e-mails e portais internos de toda a Petrobras as oportunidades de transferência de local de trabalho em função do programa MOBILIZA - lançado recentemente pela companhia para permitir e incentivar a movimentação interna. No total, a empresa está disponibilizando 3.399 vagas.

Certamente, muitos empregados estão animados com a possibilidade de voltar aos seus locais de origem, de mudar de cidade e planos, enfim, de se apropriar desta oportunidade por N motivos.

Mas nem tudo são flores. Em primeiro lugar, é com preocupação que o movimento sindical - sobretudo a FNP e seus sindicatos - enxergam esta iniciativa, pois até agora ela não traz consigo a garantia de reposição dos postos de trabalho que serão deixados em aberto com esta política. Aliado à política de desinvestimentos, PROCOP e terceirização, todas elas facetas da privatização em pedaços que vive a companhia, a atual estrutura do MOBILIZA não garante uma mobilidade, de fato, positiva para os trabalhadores.

Para além disso, este programa também expõe a insatisfação de inúmeros trabalhadores com as suas atuais condições de trabalho em diversas unidades. Vale destacar aqui o caso emblemático da UTGCA: desde o movimento grevista de 23 dias de 2011, realizado pelos trabalhadores desta unidade em conjunto com as plataformas (Merluza e Mexilhão) por melhores condições de saúde e segurança, os empregados de manutenção têm sofrido com uma péssima ambiência de trabalho - gerada, é preciso sublinhar, pelas iniciativas e decisões gerenciais e não por qualquer conflito entre os próprios trabalhadores.

Isso porque uma das demandas e reivindicações dos trabalhadores levantadas na greve de 23 dias, o REC (Regime Especial de Campo), segue sendo ignorada pela gerência local e, até agora, também pelo RH Corporativo da empresa, que já tem conhecimento deste pleito. Para se ter um ideia, pelo menos 70% do setor de manutenção da unidade participa sistematicamente dos concursos públicos (externos) da companhia para buscar vaga de trabalho em outras unidades na mesma função! Ou seja, ao contrário do que costumamos ver (petroleiros que se inscrevem nesses concursos para mudar de função), neste caso a busca dos trabalhadores é por sair o quanto antes da UTGCA.

Com o MOBILIZA isso apenas se (re)confirma. O número de trabalhadores de Manutenção que se inscreveram no programa também bate a casa dos 70%, demonstrando que existe sim o desejo generalizado neste setor da unidade de sair dali o quanto antes, pois não são valorizados e sequer atendidos em suas reivindicações. O mesmo ocorre no ISE (Índice de Satisfação de Empregado), cujos resultados também apontam essa insatisfação em números.

Com isso, fica claro que a implantação do regime reivindicado pelos trabalhadores de Manutenção da UTGCA seria a melhor proposta e solução pra manter a equipe que está lá e trazer nova mão de obra, sem o risco de lacunas no efetivo, conforme demonstra apresentação elaborada pelos mantenedores e apresentada à Gerência/RH da Unidade. A decisão não é técnica, sequer jurídica. É política. Ou seja, basta vontade da empresa para realmente valorizar os trabalhadores e colocar em prática o slogan "gente é o que inspira a gente".