Dieese faz leitura da conjuntura econômica no Congresso da FNP

O 9° Congresso da FNP apresentou a conjuntura do país e situação econômica mundial, durante palestra apresentada pelo economista Jardel Leal, do Dieese, que fez análise das campanhas salariais de 2005 a 2014 e apresentou dados que demonstram que as crises são cíclicas.

A campanha do Acordo Coletivo de Trabalho de 2015 começa a ser moldadas em um cenário de crise econômica, cortes de emprego tanto de petroleiros próprios, que saem pelo PIDV, porém, mais drasticamente, com demissões de milhares de trabalhadores terceirizados, que só em 2015 já ultrapassam 77 mil trabalhadores.

Segundo o Dieese, a perda salarial chega a - 9,21% em 31 de agosto de 2015, com previsão de necessidade de reajuste de 10,15% em setembro, data base do ACT. Pelo IPCA, índice pelo qual os salários são reajustados, a projeção chega a - 9,28% em setembro de 2015. Ainda pelo Dieese, o salário mínimo teve aumento real de 2,41% em janeiro deste ano.

Na Petrobrás, a crise econômica tem servido de pretexto para privatizar parte da empresa, desinvestir nos projetos de refino e como desculpa para fatiar a Transpetro e a BR Distribuidora. Para o presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine e Conselho de Administração, o momento é de fazer caixa para pagar investidores e distribuir o lucro para os acionistas.

Para Jardel, frear investimentos pode estar ligado a apostas políticas, a exemplo da Grécia, que depois que o povo grego votou contra acordo com o FMI, o primeiro ministro, pressionado por credores, contrariou a população costurando um acordo ainda pior, que prevê pagamento de uma dívida bilionária não auditada, além de privatizações e outras interferências políticas e econômicas do fundo internacional.

O descontentamento no país só cresceu nos últimos anos. O Dieese registrou 302 greves no Brasil e 2004. O número mais que triplicou em 2013, com 1482 mobilizações de diferentes categorias. Na história das lutas trabalhistas, todas as conquistas foram alcançadas com o enfrentamento das categorias ao sistema que privilegia o aumento do lucro em detrimento da segurança e das condições de trabalho.

O mundo está em crise financeira, mas principalmente pela política que privilegia o pagamento de créditos absurdos, desestimula a autossuficiência industrial e provoca a dependência dos países, reféns de produtos industrializados. No Brasil, o PNG apresentado pelos executivos da Petrobrás aposta na produção de óleo cru, perpetuando a dependência de derivados, principal causa da dívida bilionária da companhia, que exporta estes produtos.

As mudanças que o país precisa deverá partir dos trabalhadores. Para isso, a união das categorias é uma das formas de pressionar a política do país em defesa da Petrobrás, principal alavanca da economia brasileira. O país tem hoje a dimensão da Petrobrás, infelizmente da pior forma, considerando todas as frentes que a empresa impulsiona na economia e que estão sofrendo com o desinvestimento.

Equipe de Comunicação | 9º Congresso Nacional da FNP