Acidentes e vazamentos revelam política de segurança que só protege o lucro da empresa

RPBC

A política de segurança do gerente geral da RPBC tem se mostrado apenas retórica diante dos inúmeros acidentes e incidentes ocorridos na RPBC. Práticas antissindicais, desrespeito ao acordo coletivo, a normas trabalhistas internacionais, legislação, e NRs são só algumas das irregularidades.

Os atos inconsequentes têm causado mal estar entre os trabalhadores que estão expostos a riscos reais. Há menos de 10 dias um vazamento que ocorreu na unidade de destilação a vácuo deixou os trabalhadores assustados. Não por acaso, pois se tratava de um produto inflamável. Rapidamente, os trabalhadores tiveram como ação parar a unidade emergencialmente para conter o risco. Depois de analisado foi constatado que houve falha na manutenção do equipamento.

Longe de ser um caso isolado, o fato citado acima precedeu um dos maiores vazamentos de gás na Petrobrás dos últimos anos. Na noite da última sexta-feira (8), o gás propano contido na esfera da área sul da refinaria vazou por aproximadamente trinta minutos, formando uma nuvem que aos poucos se deslocava para fora dos limites da empresa. Trabalhadores que estavam no local declararam ao sindicato que foi um “milagre” não ter ocorrido uma explosão no pátio de esferas da área sul. Segundo informações, a equipe que atuou no combate ao vazamento evitou uma catástrofe maior do que o incêndio ocorrido há nove meses na Ultracargo em Santos.

A gravidade foi tamanha que o Plano de Auxílio Mútuo das empresas (PAM), usado em situações de emergências, foi acionado para que se dirigisse imediatamente à RPBC. Enquanto isso, na refinaria as equipes combatiam o vazamento e a região próxima ao vazamento teve que ter as ruas isoladas por agentes de trânsito da cidade.
Ignorando não apenas os exemplos de outras unidades, como a FPSO Cidade São Matheus e a Revap, onde trabalhadores morreram por negligência da Companhia, a gerência da RPBC parece fechar os olhos para o que os vazamentos na RPBC já sinalizam à operação: algo mais grave pode acontecer se medidas urgentes não forem tomadas.

Um problema antigo
O problema na área Sul é antigo, causado principalmente pelo sucateamento de um equipamento que há dez anos está parado. Numa espera eterna por manutenção, sem nenhuma utilização, tem sofrido mais rápido a ação do tempo. Por consequência, houve a deterioração de parafusos até o rompimento de uma tampa, gerando o vazamento. Já é de conhecimento dos trabalhadores outro vazamento naquele mesmo sistema por falta de manutenção. Também existem sistemas de bloqueio a distância que deveriam estar operando, mas que igualmente esperam por manutenção há anos.

O fato só não se tornou uma tragédia graças ao desempenho eficiente das equipes de SMS e operação da unidade da área Sul, que colocaram suas vidas em risco para conter o vazamento.

Esses acidentes mostram uma das faces mais perversas da política de redução de custos a qualquer preço da direção da empresa, aplicada hoje através do desinvestimento e deixam o alerta de que precisamos garantir que cada acidente seja de fato registrado conforme sua gravidade; esconder a realidade é abrir uma avenida para novos acidentes e contribuir para o conto de fadas que o SMES Corporativo diz não ter conhecimento. Vidas estão em jogo.