Em setoriais, categoria rejeita proposta sobre “viradinha”

RPBC

Após três rodadas de negociações sem que o RH da RPBC recuasse sobre a decisão de descumprir o acordo da “viradinha”, a direção do Sindipetro Litoral Paulista decidiu ouvir a categoria. Por isso, na última semana a sede do Sindicato, em Santos, recebeu em duas setoriais os trabalhadores dos grupos de turno para discutir o tema e tomar uma decisão.

Mais do que relatar a proposta apresentada pela gerência da refinaria, o objetivo do Sindicato era ouvir os trabalhadores e apresentar à empresa uma resposta coletiva – respaldada na decisão da maioria.

O que a RPBC propõe
De acordo com a proposta da empresa, nos casos em que houvesse a dobra especial seria antecipada, em quatro horas, a entrada de um trabalhador do turno das 15 horas. Com isso, não haveria jornada de trabalho de 16 horas consecutivas, nem o retorno durante a madrugada. Em caráter excepcional, somente nos casos em que antecipação sugerida não fosse possível seria colocado em prática o “abono da viradinha” – direito adquirido em acordo antigo com a refinaria que foi cortado de forma unilateral como retaliação à greve de 2015.

A decisão dos trabalhadores
Como já era de se esperar, os trabalhadores ouvidos pelo Sindicato nas setoriais rejeitaram a proposta apresentada pela empresa. Se há dúvidas da gerência sobre a insatisfação da força de trabalho, basta mencionar que a decisão foi unanime. A categoria não aceita negociar rebaixamento de direitos adquiridos. Pelo contrário, coerente com a luta travada no ano passado contra a retirada de direitos em nosso ACT, os petroleiros afetados por essa medida não concordam com a lógica segundo a qual quem deve pagar o preço da crise são os trabalhadores.

Os privilégios e benesses são características que devem ser eliminadas de qualquer gestão ética, mas somos forçados a dizer que elas se perpetuam na Petrobrás apenas em seu alto escalão. Aos trabalhadores do chão de fábrica, além dos riscos de acidente, do assédio moral e da pressão por produtividade, o que existe é a tentativa sistemática de retirar direitos. Sugerimos que os chefes ávidos por cortar custos deem o exemplo, abrindo mão de regalias que a imensa maioria dos petroleiros mortais não tem acesso.

Prioridades
Obsessão por redução de custos e lucratividade, indiferença às condições de segurança da unidade e dos trabalhadores. Essa é a marca da gestão da RPBC. Durante toda a manhã desta segunda-feira (7), dirigentes do Sindipetro-LP estiveram na refinaria e puderam constatar que as prioridades da gerência se chocam frontalmente com as necessidades e anseios da categoria.

Setores da unidade como o laboratório, SMS e Área Oeste (AROE) sofrem com problemas endêmicos, que se arrastam há um longo período sem que a empresa se movimente para propor soluções. Quadro reduzido e corte da manutenção preventiva no laboratório, linha de gasolina furada e com data de validade vencida na AROE, equipamentos sucateados. Esses foram apenas alguns dos diversos gargalos de segurança identificados pela direção do Sindicato.

Diante deste cenário, nos causa indignação e tristeza o fato de que a principal ação da gerência da RPBC não seja eliminar esses problemas, mas sim tentar impor a retirada de um direito adquirido da categoria.

Na tarde desta segunda-feira (7), através de ofício, o Sindipetro-LP formalizou a decisão dos trabalhadores ao RH da RPBC. Esperamos uma resposta positiva da gerência, pois para nós não há outra postura possível caso a empresa seja consequente com a sua cartilha de princípios que inclui a valorização do emprego e a garantia de um ambiente seguro aos empregados e à comunidade vizinha.