Cresce o número de acidentes no Litoral Paulista

Perigo no Sistema Petrobrás

O número de acidentes no Sistema Petrobrás vem crescendo na mesma proporção dos cortes orçamentários que miram o desinvestimento. A precarização do trabalho dos terceirizados, cortes de verbas para programas de especialização em segurança, cortes de palestras anuais que eram realizadas nas SIPATs, redução dos cursos de percepção de riscos em segurança, falta de treinamento das equipes de trabalho e de cursos de treinamentos exigidos por normas regulamentadoras, sobrecarga de atividades devido a diminuição de efetivo saídos pelo PIDV e falta de manutenção nos equipamentos são alguns elementos que estão diretamente ligados ao aumento de acidentes na Petrobrás.

No dia 22 de março, um vazamento de petróleo cru do terminal Pilões, atingiu o Rio Cubatão, poluindo sua águas próximas as comunidades. Os impactos ao meio ambiente ainda não foram computados, mas sabe-se que a multa aplicada à Petrobrás foi de R$ 600 milhões. Assim como o abastecimento nas cidades da região foi comprometido pelo vazamento de petróleo, todo acidente provoca um grande impacto na sociedade, no meio ambiente, na integridade física do trabalhador e também em sua família.

A precarização das condições de trabalho vividas nos últimos anos remonta a mesma situação enfrentada pela categoria no fim dos anos 90 e no começo do ano 2000, quando havia a sanha privatista rondando a Petrobrás. Foi também neste período que vazamentos de petróleo atingiram a Baia de Guanabara,  durante operação de transferência do terminal Ilha D'Água para a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. Outro vazamento também de petróleo, aconteceu quando dutos de transferência do terminal  da Transpetro de São Francisco do Sul, ligados a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, romperam. Ambos acidentes aconteceram no ano 2000.

Segurança na RPBC em alerta
Na RPBC os eventos registrados durante as tentativas de partida da UFCC em dezembro de 2015, após a parada de manutenção, assim como o grande vazamento de gás propano, ocorrido dia 8 de janeiro, no parque de esferas, sinalizam para um acidente de grandes proporções, mostrando que a gerência da unidade deve tomar medidas urgentes, antes que ocorram.

No ano de 2015 os índices de acidentes registrados com os trabalhadores na RPBC apontam que 57% dos casos atingiram funcionários próprios da companhia. Registra-se que 71% foram acidentes considerados típicos, ou seja, decorrentes da atividade profissional que exerce o trabalhados e 29% foram de acidentes de trajeto.

Aumentam os índices de acidentes nas plataformas
Em 2015, as plataformas da UO-BS também registraram um aumento de 23% nos acidentes de trabalho comparado ao ano anterior. Dos 69 acidentes notificados todos foram com trabalhadores terceirizados. Segundo levantamento do Sindipetro-LP, a maioria dos acidentes envolvem lesões na cabeça, rosto e pescoço.

Somente nos três primeiros meses de 2016 tivemos 17 acidentes registrados nas duas plataformas próprias e nas nove afretadas. Desses, 53% atingiram os trabalhadores em partes dos membros superiores do corpo (dedos, mãos e braços). Todos os acidentes registrados são decorrentes da atividade, classificados como típicos.

Cabe destacar que em 2014 houve 12 casos de acidentes equipados, caracterizado por ingestão de substância tóxica, durante horário de refeição.

Acidente não registrado é risco para o amigo
Nos últimos 20 anos 350 trabalhadores morreram, vítimas de acidente no Sistema Petrobrás. O número alarmante poderia ser menor, se não fossem dificultados por três fatores, que pioram as condições de trabalho:

1-      Falta de fiscalização do Ministério de Trabalho e do Ministério Público do Trabalho, órgãos necessários para garantir melhores condições de trabalho e cumprimento das NRs.

2-      Subnotificação de acidentes do trabalho, o que faz com que muitos acidentes recebam classificação inferior a sua gravidade, ou que não venha a ser considerado acidente, sendo tratados como Primeiros Socorros ou Atendimento.

3-      Ocultação de acidente e lesão, quando o trabalhador não procura o serviço médico e deixa de comunicar sobre um acidente. A falta deste registro impede ações de melhorias corretivas, que evitariam casos semelhantes de mesmo risco com os próprios colegas de trabalho.

Dos três itens mencionados, o terceiro representa um risco iminente para os demais companheiros, pois ocultá-lo significa que a situação insegura do agente causador permanecerá em condição de provocar outros acidentes. O mesmo ocorre quando o acidentado esconde o fato durante a sua jornada de trabalho e vai embora, inventando um acidente doméstico, para não sofrer algum tipo de represaria ou receber alguma punição. É importante destacar que em alguns casos, a chefia fica ciente do acidente, mas não toma nenhuma atitude, tornando-se cumplice da ilegalidade.

Segundo o diretor da Secretaria de Saúde Segurança e Tecnologia de Meio Ambiente da FNP, Marcelo Juvenal Vasco, para evitar que outros acidentes aconteçam o trabalhador deve registrar todas as ocorrências. “O acidente de trabalho, seja ele dentro da empresa ou no seu trajeto para sua residência, deve ser notificado, para que a CIPA e o SESMT tenham conhecimento das causas e proponham ações corretivas para redução desses índices alarmantes”.