Palco de lutas e conquistas, RPBC completa 61 anos de vida neste sábado

História

Com uma história que não cabe nos livros, mas que precisa ser sempre relembrada, a Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) completa neste sábado, 16 de abril, 61 anos de história. Palco de lutas e conquistas, e também de derrotas que nos serviram e ainda servem de lição, a primeira refinaria do país – inaugurada em 1955 - está longe de ser uma mera unidade da indústria petrolífera brasileira. Ela é um patrimônio dos brasileiros e da classe operária deste país, pois guarda um pedaço importante da luta de classes e do desenvolvimento tecnológico nacional.

Por mais “suspeito” que o Sindipetro-LP seja para falar sobre este patrimônio da região e do país, por mais “suspeita” que a categoria seja para dar sua opinião, não é necessário reivindicar aqui nenhuma falsa neutralidade: a RPBC faz parte da nossa vida. Não foram poucos os petroleiros que, ao se aposentarem, se sentiram simplesmente sem chão e deslocados da realidade. Esse sentimento tinha uma explicação: saudades, saudades da refinaria.

Encravada no pé da Serra do Mar, a 55 km da capital paulista, a RPBC abrigou capítulos importantes da história construída pelos petroleiros do Litoral Paulista. Não podemos deixar de citar a luta vitoriosa em 1962 pela implantação do turno das seis horas; a resistência ao golpe militar de 1964, com os trabalhadores parando completamente a refinaria; a greve de 1995, sendo a unidade em que os petroleiros ficaram mais tempo de braços cruzados (33 dias); a batalha pelo direito à vida na década de 2000, com a luta contra o benzeno e outros agentes químicos; e ao longo desses 63 anos sendo, sempre, protagonista da luta mais geral contra a privatização da Petrobrás e do nosso petróleo, sendo parte importante da luta em defesa da soberania do nosso país.

Estrutura
A RPBC responde por aproximadamente 8% do processamento de petróleo no país. Instalada em uma área de 7 milhões de m², processa 27 mil m³/dia de petróleo e é considerada uma unidade com alta capacidade de conversão, produzindo uma variedade de derivados de grande valor comercial como solventes, coque, nafta petroquímica, óleo diesel etc. É a única produtora de gasolina de aviação no Brasil, combustível usado em aviões de pequeno porte com motores a pistão, semelhantes aos dos carros.

Por ser uma refinaria costeira, atende a parte do mercado de cabotagem das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul, e abastece uma parcela do mercado da Grande São Paulo. Além disso, a refinaria é interligada com o Terminal Aquaviário de Santos, o Terminal Terrestre de Cubatão (ambos da Transpetro) e o Tecub-Terminal de Cubatão (da Petrobras Distribuidora).

História
Entre 1947 e 1948, após a II Guerra Mundial, um plano do governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra definiu que dentro de cinco anos o Brasil deveria implementar grandes projetos nas áreas de saúde, alimentação e energia. Em 1949, o Conselho Nacional do Petróleo confirmou que a refinaria seria em Cubatão, após avaliar a infraestrutura do município pela ótica da segurança nacional. Em seguida, foi negociada a aquisição de terrenos no sopé da Serra do Mar, entre a Via Anchieta e a Estrada Velha, o conhecido Caminho do Mar.

A localização estratégica foi decisiva para o nascimento da moderna Cubatão. Foram então assinados os primeiros documentos destinados à construção de uma refinaria com capacidade de processamento de 7,15 mil m³/dia. Na época, isso correspondia a 80% do consumo de derivados no país.

Em março de 1950, instalou-se a Comissão da Refinaria de Petróleo de Cubatão e, a partir de abril daquele ano, trabalhadores, máquinas e equipamentos começaram a chegar na cidade. Em setembro, foi lançada a pedra fundamental pelo próprio presidente Dutra. No dia 16 de abril de 1955, a RPBC foi inaugurada pelo presidente João Café Filho.

No início da década de 1970, com a modernização das refinarias de petróleo brasileiras, projeto do Governo Federal da época, a RPBC passou a ter 13 unidades de processamento. Em 1955, dispunha de apenas sete unidades em funcionamento. Nos anos 80, foi colocada em operação a Unidade de Gasolina de Aviação, única do Brasil. A segunda Unidade de Coque de Petróleo, empreendimento inédito no país, também começou a funcionar nesse período. Além disso, foi implantado o Sistema Digital de Comando Distribuído, que deu início à automação geral da refinaria.

A partir de 2006, a RPBC entra em um novo processo de modernização com a construção de unidades de processo para produção de gasolina e diesel com ultrabaixo teor de enxofre.