José Serra (PSDB) é chamado a explicar promessas à Chevron

Pré-sal em jogo

Durante audiência pública, no último dia 17, terça feira, na Comissão Especial destinada a proferir parecer sobre o Projeto de Lei 4567/16, que retira da Petrobrás a prerrogativa de ser operadora única do pré-sal, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) convocou a presença do ministro interino das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), autor da proposta no Senado, para esclarecer o teor de sua conversa, detectada pelo wikileaks, com a diretora de desenvolvimento de negócios e relações com o governo da petroleira Chevron, Patrícia Padral. 

Segundo o wikileaks, uma organização transnacional sem fins lucrativos, sediada na Suécia,que publica, em seu site postagens de fontes anônimas, documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis, Serra teria dito à diretora da Chevron sobre a Lei de Partilha, que garante à Petrobrás como operadora única do pré-sal.  “Deixa esses caras fazerem o que quiserem. As rodadas de licitação não vão acontecer e mostraremos a todos que o modelo antigo funcionava e nós o traremos de volta”.

O deputado foi informado que o ministro interino tem presença na Comissão Especial prevista para o próximo dia 31 de maio.

Já o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA) lembrou o papel da operadora única e da política de conteúdo local como instrumentos do desenvolvimento da cadeia de petróleo e gás. “Para desenvolver uma cadeia de fornecedores locais, esta indústria precisa ter escala e uma curva de aprendizagem. Como chegar a esse desenvolvimento sem estabelecer alguns instrumentos protecionistas?”, questionou o deputado, para quem não existe indústria no mundo que tenha se desenvolvido sem uma ação protecionista. 

“Ser operadora única facilita esse desenvolvimento?”, questionou aos palestrantes presentes. “Precisamos avançar nesse debate. As grandes petroleiras já têm sua própria cadeia de fornecedores lá fora. A visão deve ser mais estratégica do que estatística. Japão e China utilizaram políticas de proteção industrial”, resumiu.

Fonte: AEPET