Congresso Regional discute conjuntura e ações contra retirada de direitos

Movimento Petroleiro

Conectar as lutas mais imediatas dos petroleiros com a batalha mais geral contra o conjunto de medidas que afetam a vida de todos os trabalhadores. Esta foi a síntese do Congresso Regional do Litoral Paulista, realizado no último sábado (28) na sede do Sindipetro-LP, em Santos.

No período da manhã, petroleiros e petroleiras se debruçaram sobre o Acordo Coletivo de Trabalho da categoria para apresentar suas propostas, discutir saídas, articular ações. O resultado, com todas as propostas aprovadas ao final do dia, foi importante porque significa um passo adiante na construção da campanha reivindicatória da categoria. Além disso, mais do que simplesmente sugerir inclusão, alteração e supressão de cláusulas, os congressistas também se preocuparam em apontar quais devem ser as principais tarefas do Congresso Nacional da FNP, que acontece no mês de julho, em Macaé (RJ).

O período da tarde, conforme divulgado, contou com duas palestras. Airton dos Santos, Coordenador de Atendimento Técnico e Sindical do Dieese, apresentou números importantes sobre o pré-sal no estado de São Paulo e, especialmente, no Litoral Paulista. Os dados que Airton trouxe serão fundamentais na batalha ideológica que devemos travar contra o mito de que o pré-sal não deu certo. O grande problema, confirmado pela palestra, é a destinação desses recursos, por um lado, e a terceirização da mão de obra por outro lado, o que afeta a geração de empregos na região. Ainda nesta semana, divulgaremos matéria completa com os dados apresentados por Airton. Para acessar a íntegra da apresentação, basta clicar aqui.

Em seguida, contamos com a palestra do petroleiro da Transpetro Duque de Caxias (Tecam) Leandro Lanfredi de Andrade. Lanfredi abordou os interesses imperialistas na região e como neste cenário é necessário que os trabalhadores em todo continente tirem lições dos processos de experiência com os governos chamados populistas. Para ele, embora os ataques atuais ensaiem um cenário que lembra a ofensiva neoliberal da década de 1990, há uma diferença fundamental: a resistência da classe é muito maior e, longe de ser a expressão de um suposto triunfo do sistema capitalista, é o seu oposto: uma ação da elite para tentar salvar um sistema que demonstra claros sinais de esgotamento desde a crise de 2008.

Um aspecto importante abordado pelo palestrante é, diante desta crise, a relocalização do imperialismo no continente latino-americano. Para Lanfredi, a própria Lava-Jato e sua apuração e repercussão seletivas demonstram isso. Ele citou, por exemplo, o fato de que todos os empresários presos e investigados não fazem parte de multinacionais, mas sim de empresas nacionais. Para ele, troca-se um sistema corrupto para colocar outro no lugar. No caso, a retomada de boa parte desses negócios por empresas estrangeiras. “A Lava Jato simplesmente não toca, por exemplo, na área de Exploração e Produção da empresa. Não há sujeira, não há roubo nesse setor? É ali onde se concentram as empresas internacionais que, aliás, querem assaltar o pré-sal brasileiro”.

Por fim, ele fez um prognóstico. “Não dá pra defender a Petrobrás e o pré-sal sem pensar nos outros ataques que estão acontecendo. O corte de investimentos em saúde e educação, a sangria de metade do orçamento com o pagamento da dívida pública, a tentativa de impor as reformas trabalhista e previdenciária. Enfim, precisamos pensar saídas unitárias para esses ataques”.

Por fim, o Congresso ratificou os atuais diretores liberados do Sindipetro-LP para compor a direção da FNP e elegeu os delegados e suplentes para o Congresso Nacional da entidade.