PETROLEIRO SE ACIDENTA, PERDE A MEMÓRIA E GERÊNCIA DIZ QUE NÃO VAI ABRIR CAT

OMISSÃO

Um acidente envolvendo um Técnico de Operação da PR/CRA, na RPBC, continua sem esclarecimento, passada uma semana do ocorrido. O acidente aconteceu no dia 22 de junho, entre 9h e 10h, quando o trabalhador realizava trabalhos na área. Até antes do momento do acidente, o operador havia realizado normalmente a rotina da área e conversado sobre trabalho com o resto da equipe sem apresentar nenhum comportamento anormal.

Aproximadamente às 10h, foi necessário que o operador voltasse para a área devido demanda de serviço. Ao retornar para a sala, o operador apresentava um quadro de confusão mental, perda de memória, contusão na cabeça acima da nuca e dor de cabeça. Diante da situação, os colegas de área acionaram a equipe de SMS da refinaria, que o levou para o Hospital Ana Costa, em Santos, onde foi feito Tomografia. Os familiares preferiram encaminha-lo ao Hospital Santa Catarina, em São Paulo, onde foi feita novamente Tomografia, apresentando a lesão na cabeça e recebendo atestado de quatro dias de afastamento.

Após o atendimento em São Paulo, o operador continuou apresentando dor de cabeça intensa e náuseas, sem lembrar o que causou o acidente nem lembranças da véspera do ocorrido. No dia seguinte, com a permanência dos sintomas após o acidente, a família o levou novamente ao Hospital, mas desta vez ao Nove de Julho, em São Paulo, para exames detalhados de Ressonância Magnética, onde foi constatado lesões na parte traseira e frontal do cérebro. Foi solicitado, pelo médico, internação, para que ficasse em observação. Após alta, o médico concedeu afastamento até a quinta-feira (30).

Mesmo com todo o conceito de acidente, caracterizado pelo sistema previdenciário, evidente no quadro apresentado, a Petrobrás não abriu a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). O Sindicato só ficou sabendo do acidente graças à denúncia de trabalhadores, colegas do operador. A empresa se negou a abrir uma comissão de investigação do acidente do funcionário e nem sequer quis fazer relatório sobre o que houve. Tampouco tranquilizou a força de trabalho sobre o que aconteceu e de como estava o colega.

O que causa mais indignação é que o presidente da CIPA, que também ocupa cargo gerencial na empresa, e, portanto, tem compromisso dobrado com a segurança do trabalhador, nem sequer deu a ordem para abertura da Comissão de Investigação. O mais absurdo é que ele alega que não há necessidade de abrir a CAT pois, em seu entendimento, não houve o fato gerador do acidente, mesmo constatado que o operador sofreu contusão na cabeça, apresenta dor na cabeça, confusão mental e perda de memória.

Não há dúvidas de que o acidente existiu. Todos os três conceitos que caracterizam acidente de trabalho foram confirmados: 1) o acidente aconteceu no horário de trabalho da empresa, durante a jornada do operador e em sua área de atuação; 2) o acidente provocou lesão na cabeça, ocasionando perda de memória e confusão mental e dor de cabeça e; 3) causou redução temporária da capacidade de trabalho da empresa, uma vez que o operador teve que ser retirado da área de trabalho de ambulância para ser socorrido e levado a atendimento médico em hospital em outra cidade.

O acidente não registrado é risco para o trabalhador
A falta da comunicação de acidente de trabalho impede ações de melhorias corretivas, que evitariam casos semelhantes de mesmo risco com os próprios colegas de trabalho. Ocultá-lo significa que a situação insegura do agente causador permanecerá em condição de provocar outros acidentes. Qual o interesse da empresa em ocultar acidentes, que podem prejudicar não somente o trabalhador, mas toda sua produção? Será que a política de redução de custos da empresa é tão importante quanto a vida do trabalhador?

A redução de investimentos em Segurança, Meio-Ambiente e Saúde, traz uma condição de insegurança às unidades, trabalhadores, população e ecossistema.

O Sindipetro-LP, cumprindo suas atribuições, dentro da legalidade, irá denunciar ao Ministério do Trabalho e Emprego, pois a Petrobrás, por meio de seus representantes gerenciais e da área médica, recusa-se a abrir a CAT de um trabalhador que sofreu acidente de trabalho na RPBC. Cabe ressaltar que o médico responsável pelo SMS/SO está sendo investigado pelo Conselho Regional Medicina (CRM), após denúncia feita pelo Sindicato em janeiro deste ano e vai ter que se explicar novamente.

Aproveitamos para reforçar ao trabalhador a necessidade de informar aos seus representantes legais, que são o Sindicato e a CIPA, quando houver algum sinistro ou acidente de trabalho. Somente com denúncias poderemos evitar que outros acidentes aconteçam, e assim propor ações corretivas para redução dos altos índices de acidente no Sistema Petrobrás.