Primeiro congresso do estado de São Paulo irá deliberar ações conjuntas

União dos petroleiros contra a privatização

Com o intuito de fortalecer as ações e mobilizações dos petroleiros, em defesa da Petrobrás e do pré-sal brasileiro, foi realizado neste sábado (2), em Guararema o primeiro dia do Congresso Unitário dos Petroleiros do Estado de São Paulo. A organização do evento está sendo feita pelos Sindipetros Litoral Paulista, São José dos Campos e Unificado de SP.

O embrião do evento nasceu na Jornada Unitária de Lutas, no ano passado, que fortaleceu a categoria para a greve de 23 dias, que impediu perdas a direitos e benefícios, atacados como parte do Plano de Negócios do Conselho de Administração da Petrobrás. 

Não há bandeiras no congresso, mas sim a união dos petroleiros do Estado, em um chamado que tem como objetivo mobilizar petroleiros de outras regiões, unificando a categoria.

Os participantes receberam palestras sobre a conjuntura política e econômica do Brasil e da Petrobrás, sob a ótica dos técnicos do Dieese Adriana Marcolino e Cloviomar Cararine, do professor de Direito Econômico e Economia Política da USP, Gilberto Bercovith, de Luiz Dalla Costa, do Movimentos dos Atingidos por Barragens, de Felipe Coutinho, presidente da Aepet, Igor Fuser, professor em Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, entre outros participantes das entidades enmvolvidas.

Todos são unânimes em dizer que os ataques, tanto partindo da diretoria e conselhos da Petrobrás, quanto os orquestrados pelo Congresso, Senado e Governo Federal, focam diretamente a potência econômica da companhia e que fortalece nossa soberania. 

Os debates e palestras mostram que sobre os números do mercado o trabalhador pode fazer muito pouco. Mas temos nas mãos força suficiente para pressionar Governo e acionistas a tratar com a categoria o rumo da empresa. 

Os petroleiros do Estado de São Paulo foram responsáveis por 13% da produção de petróleo nacional. Só a Bacia de Santos produziu 29% do petróleo no Brasil. De nossas quatro refinarias (Replan, Revap, Recap e RPBC) saem 41% do refino do país, sem contar o consumo na região. 

A luta da categoria petroleira em defesa da Petrobrás e do pré-sal pode parecer uma briga de Davi e Golias, mas os números mostram que se houver unidade e mobilização, podemos barrar o processo de privatização em curso. 

Conjuntura e desafios
Dados do Dieese evidenciam o enorme abismo que há entre os gastos com despesas sociais e o pagamento de juros e amortizações da dívida pública, que chega a quase R$ 1 trilhão por ano (R$ R$ 978 bilhões em 2014, segundo o Dieese e R$ 962 bilhões em 2015, de acordo com a Auditoria Cidadã). 

Enquanto a população garante o pagamento trilionário de dívidas não auditadas, que cobram juros extorsivos, a Saúde recebe menos de 5% de investimento, a Educação 4%, Segurança cerca de 0,40%, o Transportes menos de 0,60% e quase nada é direcionado para Habitação. 

Da mesma forma que o Brasil custeia o aumento de riquezas de um pequeno número de investidores, a Petrobrás tem sido sangrada para pagar essa dívida.

Dos cerca de R$ 450 bilhões da dívida da empresa, muito se deve ao impartment, cálculo que analisa valores do patrimônio da empresa em comparação com sua dívida pelos próximos 20 anos. A análise aconteceu na época  em que o barril de petróleo chegou a URS$ 40. Pela variação cambial a Petrobrás perdeu mais de R$ 100 bilhões.

O prejuízo da empresa não passa de jogadas do mercado para desvalorizar a companhia e forçar a venda de ativos.
Para Pedro Parente, escolhido por Temer para substituir Aldemir Bendine na Petrobrás, o desafio da empresa está em pagar a dívida sem o aporte da União. 

Para nós, petroleiros, a culpa da dívida deve-se a má gestão de recursos da empresa, corrupção e ingerência do Governo Federal, que usou a companhia para manter a estabilidade no pais, subsidiando combustível, importando derivados e financiando 80% das obras do PAC. A empresa é responsável por 7% da economia nacional, gera mais de 500 mil empregos, diretos e indiretos e impulsiona a indústria. Nada mais justo do que o governo fortalecer a empresa e não a entregar, como tem feito.

O congresso termina neste domingo (3), com resoluções que serão apresentadas para as bases e que vão servir de exemplo para discussões sobre mobilizações que acontecem pelos sindipetros de todo país. A luta está só começando!
Juntos somos mais fortes!

 

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