2° dia de Congresso é marcado por debates sobre direitos da categoria e conjuntura política

FNP

Antes da abertura do 10º Congresso Nacional da FNP, na manhã da última sexta-feira (22/7), os conselheiros eleitos da Petros, Paulo Brandão, Ronaldo Tedesco e Silvio Sinedino,  ministraram uma palestra em que expressaram suas preocupações sobre os resultados dos investimentos da Fundação, impactados por questões conjunturais. Ao mesmo tempo, alertaram para o crescimento acima do esperado dos compromissos do plano de benefícios, impactado pela adoção de premissas mais conservadoras, por acordos entre a patrocinadora Petrobrás e as entidades sindicais e associativas que foram custeados pelo Plano, assim como diversas contingências judiciais.

Eles apontaram ainda a existência de diversas dívidas da patrocinadora Petrobrás, que não estão sendo cobradas por sucessivas diretorias da Fundação, comprometendo fortemente o Plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP).

Ronaldo Tedesco informou aos participantes do congresso sobre denúncia das últimas quatro gestões da Fundação relativa a diversos investimentos que levaram a perdas de cerca de R$ 1 Bilhão: “Houve uma auditoria de conformidade legal de 70 investimentos da Fundação onde foram detectados diversos procedimentos que trouxeram muito risco para a Petros. A Previc foi instada pelo Conselho Fiscal para que verifique a natureza destas operações e seus desfechos. Com isto, poderemos afirmar que tipo de gestão foi praticada e se os responsáveis pelos investimentos cumpriram com suas obrigações de fidúcia frente aos participantes e assistidos do plano”, contou.

O equacionamento do déficit técnico do PPSP – que atingiu R$ 16 Bilhões no exercício 2015 e supera R$ 23 Bilhões de forma acumulada – foi outro tema da palestra. “A estratégia dos conselheiros eleitos é fazer este debate no marco da cobrança das dívidas da Petrobrás para com o plano. Há diversas ações cobrando estas dívidas e outras que já estão parcialmente equacionadas”, informou Paulo Brandão.

Também compuseram a mesa da palestra Marcos André dos Santos (suplente de Tedesco), Alealdo Hilário (Sindipetro–AL/SE), Agnelson Camilo (Sindipetro-PA/AM/MA/AP) e Roberto Ribeiro (Sindipetro-RJ).

Abertura

A abertura do congresso, foi realizada na tarde da última sexta-feira (22/7), em Macaé, cidade fluminense do Rio de Janeiro, localizada na Bacia de Campos, de onde sai cerca de 80% do petróleo brasileiro. O tema definido “Nenhum Direito a Menos! Por uma Petrobrás 100% Estatal” foi escolhido por fazer alusão a defesa da Petrobrás, uma das maiores riquezas do Brasil.

Embora algumas divergências políticas, o assunto mais frequente na mesa foi a defesa da Petrobrás e do pré-sal, além de manobras a fim de barrar as mudanças que estão sendo feitas nas regras do pré-sal.  Em clima de que estamos novamente numa luta com semelhanças à do passado, agora, vem o mote, “o pré-sal tem que ser nosso”.

Em meio as discussões, Fábio Mello, Sindipetro-LP, enfatizou que “se perdemos a Petrobrás, se acabarem com a companhia, não vai mais existir FNP e nem FUP. Neste momento, devemos nos unir para lutar contra a destruição da Petrobrás”.

Compuseram a mesa de abertura: Adaedson Costa (Sindipetrol-LP); Emanuel Cancella (Sindipetro-RJ); Alealdo Hilário (Sindipetro-AL/SE); Agnelson Camilo (Sindipetro-PA/AM/MA/AP); Rafael Prado (Sindipetro-SJC); Edison Munhoz (representando a CUT); Edson Carneiro “Índio” (INTERSINDICAL); e Paulo Brandão (Aepet). Petroleiros de várias regiões do Brasil estiveram presentes.

Conjuntura econômica

O companheiro Adhemar S. Mineiro do DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos) apresentou uma palestra cobre conjuntura econômica na tarde desta sexta-feira, 22, no X Congresso Nacional da FNP. Adhemar expôs dados gerais da economia e da Petrobrás nos últimos anos.

Dos pontos que mais chamaram a atenção, destaca- se a análise sobre os dados de estagnação econômica que já vem desde 2014 e agravaram-se em 2015 e 2016. “A continuar os mesmos índices de desempenho econômico, não haverá ganho real nos salários no próximo período. Ficaremos limitados a reposição do IPCA”, alertou. 

A análise específica sobre o setor de petróleo e energia constata que a queda do preço do petróleo foi mais acentuada, mas apresentou uma recente recuperação, sendo cotado agora por volta dos U$S 50 o barril. Já a produção de derivados está estabilizada, não tem caído, ao contrário da venda de derivados, que é sujeita a variação do dólar. 

A Petrobrás vem de um período longo de ajustes. A política focada na gestão da dívida, a tentativa de venda de ativos da empresa, a redução dos números de trabalhadores próprios e outros fatores visam fragilizar a empresa e justificar a sua privatização a conta gotas. 

A partir de 2015-2016 veio a questão do endividamento. Hoje, a Petrobrás apresenta uma dívida por volta de U$S 100 milhões, o que realmente é alta. Contudo, a companhia possui ativos que garantem qualquer investimento, a cotação do barril se estabeleceu um pouco nos últimos meses e a energia fóssil ainda é a principal fonte de energia no mundo.

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