Caravana Unitária de Lutas aponta o caminho: mobilização e união

Por uma empresa integrada de energia, por uma mobilização integrada em todo Sistema Petrobrás. Foi com este espírito que foi realizada a Caravana Unitária de Lutas - iniciativa puxada pelos três sindipetros paulistas (Litoral Paulista, São José dos Campos e Unificado SP).


Durante uma semana, dos dias 1º ao 5 de agosto, foram realizados atrasos em diversas unidades da Petrobrás no estado de São Paulo. E o melhor: além de contar com a unidade de sindicatos que compõem federações distintas (FNP e FUP), os atos contaram também em algumas bases com a participação de dirigentes sindicais e trabalhadores da Liquigás e BR Distribuidora.


As mobilizações, com média de duas horas de atrasos diários no turno e administrativo, aconteceram na Replan, em Paulínia, na segunda (1); na RPBC/UTE Euzébio Rocha e Bacub, em Cubatão, na terça (2); na Recap, em Capuava, quarta-feira (3); na Revap, em São José dos Campos (4); e em Barueri, na sexta-feira (5), onde simbolicamente tivemos o retrato do que foi essa caravana: atrasos em três subsidiárias concentradas na mesma área: Liquigás, Transpetro e BR Distribuidora.


Mais do que colocar a categoria em movimento, possibilitando na porta das unidades o diálogo com os trabalhadores, essa iniciativa serve de exemplo para os demais sindipetros daquilo que é a tarefa fundamental do movimento sindical petroleiro neste momento: a construção de uma ampla unidade nacional que resulte numa greve pela base não apenas dos 17 sindicatos petroleiros, o que já é uma tarefa de grande envergadura, mas de todo o Sistema Petrobrás.


Governo Federal, Senado e Congresso estão alinhados para aprovar ajustes e medidas que flexibilizam leis trabalhistas, privatizam estatais e nossas riquezas. A tentativa de tirar o protagonismo da Petrobrás no pré-sal, retirando sua participação mínima de 30% na exploração e o seu papel de operadora exclusiva dos campos, é um exemplo. Contra essa tríade do mal, somente a união de toda categoria poderá frear o trator privatista do governo ilegítimo de Temer.


Em apenas uma semana, a diretoria da Petrobrás anunciou a venda de campos maduros e terrestres, do controle da BR Distribuidora, da Transpetro, da reserva do pré-sal em Carcará, na Bacia de Santos, e a venda de outros ativos.


Os atrasos aconteceram simultaneamente à greve dos petroleiros dos campos maduros de produção terrestre e em águas rasas. A paralisação aconteceu em cinco estados brasileiros: Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia e Espírito Santo. A greve surgiu em repúdio à venda de 104 áreas, sendo que 98 delas estão em operação. 


“Os atrasos realizados não foram em solidariedade. Engana-se o petroleiro que pensa estar imune aos ataques. Hoje, são os campos maduros, a BR, a Transpetro. Amanhã, se não houver resistência e união, seremos nós. A luta com a categoria fragmentada, dividida, será muito mais difícil. O PIDV aberto para todos os petroleiros e recentemente para os das subsidiárias colocadas à venda deixa claro que o que vem pela frente são mais ataques a direitos conquistados. O caminho é um só, a luta”, afirmou Fábio Mello, diretor do Sindipetro-LP e FNP.


Nesta semana, os petroleiros concursados do Sistema de Pernambuco, subsidiária integral da Petrobrás, localizada em Suape, também entraram em greve contra a venda da estrutura para a empresa mexicana Alpek.
Nas unidades BR e Liquigás, bola da vez na entrega de ativos da Petrobrás, os trabalhadores deixaram claro que há disposição de enfrentamento com greve.


“Precisamos unir a categoria, porque o ataque é contra todo o trabalhador petroleiro. Sem a Petrobrás, não tem FNP, nem FUP, nem petroleiros. Para fortalecer a Petrobrás como uma empresa integrada de energia precisamos nos fortalecer como uma categoria integrada, unida. Só assim poderemos reverter os ataques que afetam não apenas os petroleiros, mas o país”, disse Adaedson Costa, coordenador-geral do Sindipetro-LP e secretário-geral da FNP.


A Caravana foi uma deliberação do Congresso Unitário dos Petroleiros do Estado de São Paulo, que aconteceu em Guararema, nos dias 2 e 3 de julho, e que reuniu lideranças das duas federações petroleiras em defesa do pré-sal e do Sistema Petrobrás.