O silêncio da RPBC sobre o desconto indevido no salário dos petroleiros

Má fé ou desrespeito?

No último dia 20 de setembro, os petroleiros da RPBC, em Cubatão, foram surpreendidos com um desconto substancial nos seus respectivos contracheques. Diante da ausência de qualquer explicação plausível, boa parte dos trabalhadores passou a especular sobre a origem desta medida. A primeira hipótese levantada, não sem razão, foi um possível desconto unilateral dos dias referentes à greve do ano passado.

O Sindicato, assim que recebeu a notícia por dezenas de petroleiros, tomou duas medidas: a primeira, cobrar imediatamente da gerência da refinaria uma explicação ágil e satisfatória sobre este fato; a segunda, solicitar aos trabalhadores que tentassem, na medida do possível, manter a calma. Afinal, não havia nenhum registro de desconto semelhante em outras regiões e unidades da Petrobrás no país.

Um dia depois, a gerência de Recursos Humanos da RPBC confirmou o desconto e informou que não havia nenhuma relação com a greve do ano passado, mas sim com um erro administrativo do Compartilhado.

Informamos a categoria sobre a versão da empresa, mas fizemos questão de cobrar da RPBC duas ações: a correção o mais rápido possível dos valores que seriam descontados e uma nota de esclarecimento (e de desculpas) na intranet à força de trabalho para que qualquer dúvida fosse sanada.

Entretanto, seis dias já se passaram e até o momento a empresa não fez nada. Nem restituiu os valores, alegando ao Sindicato que o setor de TI que deve tomar as devidas providências, nem emitiu qualquer nota aos trabalhadores esclarecendo o ocorrido e confirmando a versão apresentada somente ao Sindicato.

Ao preferir o silêncio e paralisia, no lugar de tomar as providências que toda a força de trabalho espera e que o Sindicato exige, a gerência da RPBC assume a responsabilidade pela dúvida que permanece na categoria. Afinal, qual a razão do desconto? É uma pergunta que muitos continuam fazendo na medida em que a companhia simplesmente se omite neste momento.

Além disso, consideramos muito grave que a empresa relegue ao Sindicato o papel de falar em seu nome. Diante da apreensão e revolta de muitos trabalhadores, buscamos as informações o mais rápido possível e transmitimos as justificativas da empresa. Entretanto, quase uma semana depois, é inadmissível que a própria companhia não tenha se comunicado com a força de trabalho sobre este fato lamentável. Ou seja, se não houvesse a cobrança dos trabalhadores e a movimentação do Sindicato, o que teria feito a empresa? Nada?

Em um momento de forte crise, com uma direção que despreza a força de trabalho com uma proposta de ACT recheada de ataques, não precisamos dizer que a postura da RPBC é uma grande falta de respeito com aqueles que são responsáveis por construir essa empresa. Não podemos deixar de lembrar que esse tipo de conduta não é um fato isolado. No mesmo período do ano passado, ou seja, início da Campanha Salarial, a gerência retirou unilateralmente o direto à folga abonada da viradinha e que até hoje tramita na justiça.

O Sindicato vem cobrando não apenas o esclarecimento, mas o ressarcimento desses valores descontados indevidamente. Caso continue em silêncio, a gerência da RPBC estará sinalizando que agiu de má fé e enxerga em seus empregados verdadeiros inimigos. Sendo assim, mobilizaremos a categoria por mais essa reivindicação.