Gerente geral do Valongo cria “curral” para trabalhadores

Prática antissindical

O que seria um simples bate-papo com a categoria no Edifício Valongo, na manhã desta sexta-feira (30), se transformou em mais um episódio de prática antissindical do gerente-geral da UO-BS, que enxerga o prédio da Petrobrás como uma extensão de sua casa, onde tudo pode e tudo faz.

Para intimidar o sindicato e constranger os trabalhadores, em um novo episódio de assédio moral, o gerente geral restringiu a entrada da força de trabalho a uma única porta, formando um corredor com cavaletes para impedir o contato do sindicato com os trabalhadores. Para alguns, algo semelhante a uma trincheira. Para outros, muito parecido com um verdadeiro curral. Mas no lugar de animais, trabalhadores. Ironicamente, a comparação (aparentemente descabida) tem seu sentido: é como simples mercadorias, fonte de lucro, que o gerente enxerga seus subordinados.

Ontem, quinta-feira (30), estivemos no Valongo para divulgar o bate-papo desta sexta-feira. Ou seja, previamente os trabalhadores e a própria gerência da unidade foram informados do que seria realizado hoje. Era de conhecimento público que não haveria greve ou trancaço. Esse episódio é ilustrativo da disposição deliberada de gerar confronto com o Sindicato.

Sem qualquer disposição de diálogo, o gerente geral se recusou a descer e conversar com os trabalhadores. Diante desta postura autoritária, os dirigentes do Sindicato não permitiram que os trabalhadores – diretos e terceirizados – fossem submetidos a esse constrangimento. Faixas foram estendidas na frente do “curral” e nas entradas do estacionamento como forma de protesto. Coerente com sua pré-disposição em criminalizar o movimento sindical, o gerente-geral recorreu à Polícia Militar. Tranquilamente, o Sindicato explicou a situação e só retirou as faixas após a empresa recuar, retirando os cavaletes que restringiam o acesso através do “curral”.



A postura do gerente não é um caso isolado. Desde 2015, quando a atual gestão assumiu o sindicato, sua marca tem sido o boicote e desrespeito à representação legal dos trabalhadores. Até hoje, por exemplo, somos impedidos das mais diversas formas de conversar com a categoria nos seus locais de trabalho. Não foram poucas vezes, também, que se tentou impedir a panfletagem de nossos informativos na unidade. Por fim, não por acaso, foi no Valongo que vivemos um dos momentos mais tristes da Petrobrás: a prisão arbitrária de dois dirigentes sindicais, na greve do ano passado, por responsabilidade direta do gerente geral.

Repudiamos essa perseguição ao Sindicato, que tem por objetivo construir uma muralha entre trabalhadores e movimento sindical. A todo custo, o gerente geral tenta manter a força de trabalho longe da “influência” do sindicato. Um senhor que não parece tolerar a diversidade, o contraditório, a democracia. Democracia que, por outro lado, esbanja desde o início da campanha eleitoral, quando as panfletagens na porta da unidade passaram a ser liberadas e carros luxuosos passaram a ficar estrategicamente posicionados no estacionamento do prédio para privilegiar a propaganda política de seu filho.

Não somos contra o livre exercício de atividades políticas, inclusive, eleitorais. Mas salta aos olhos o uso indevido de sua posição hierárquica para favorecer a candidatura do próprio filho – um garoto “prodígio” que já ostenta R$ 2 milhões como patrimônio. Muitos trabalhadores se sentem constrangidos a ter que pegar os santinhos do candidato, a ter que demonstrar simpatia. Velada ou não, existe através de sua posição de gerente uma situação de assédio moral sobre a categoria. Enquanto isso, o Sindicato é obrigado a lutar pelo seu direito legal de representante da categoria. Não cederemos, gerentes autoritários não irão nos intimidar. Segue a luta!