Assédio e condições precárias de trabalho ameaçam o início da operação da P-66

UO-BS

Há poucos dias da saída da plataforma P-66 para o mar, é de fundamental importância para a força de trabalho que a gerência da UO-BS resolva os problemas técnicos pendentes e de assédio moral praticados por um de seus gestores recém enviado para a unidade. 

As denúncias de irregularidade nas instalações da P-66 são muitas. Tão grave quanto as más condições de trabalho, o assédio moral está tornando a ambiência insuportável para os trabalhadores e justamente em um momento da obra que exige colaboração ativa dos empregados que atuam no estaleiro. A diretoria do Sindicato, juntamente com representantes da FNP, esteve em Angra dos Reis em outubro para conversar com os trabalhadores. As principais queixas são contra um gestor, que ocupa uma função não oficial de apoio ao GEPLAT (Gerente de Plataforma), que de forma prepotente e autoritária tem se dirigido aos trabalhadores. Ignorando o código de ética da empresa, o engenheiro em questão tem agido como se fosse superior às regras da empresa, intimidando e desrespeitando seus colegas e promovendo um ambiente insalubre para se trabalhar. 

Logo na sua apresentação para a equipe de produção, o engenheiro deixou claro que se orgulha da fama de assediador que conquistou em sua jornada na empresa, desafiando os presentes que se sentissem assediados a buscarem mecanismos como a ouvidoria para denunciá-lo. O engenheiro ainda ressaltou que não estava ali para ser amigo de ninguém.

Tendo chegado há pouco na plataforma, (14 de outubro), o “gestor” já criou juízo de valor em relação aos funcionários. Em seu discurso de apresentação demonstrou que não age sozinho, criticando os presentes, que até então nunca receberam reclamações das chefias: “Sabemos quem é nó-cego e quem não é, quem está dormindo e quem não está e não pensem que eu preciso estar aqui em cima para saber o que está acontecendo”, disse, sugerindo que tem informantes dentre os trabalhadores. O gerente também repetiu diversas vezes que quem fosse contra seu sistema estaria sujeito a demissão, repetindo por diversas vezes “paga pra ver”.

Diante dessas e outras denúncias de desrespeito e intimidação ao trabalhador, o Sindipetro-LP encaminhou ofício direcionado ao RH da Petrobrás, cobrando da empresa uma punição para esse engenheiro. 

Condições de habitabilidade da plataforma 
A chefia vem cobrando um tempo cada vez maior a bordo da plataforma, iniciando o turno de 12 horas, mas sem banheiros apropriados, pois os do casario da unidade só serão liberados nos próximos dias. Por enquanto os trabalhadores têm somente dois banheiros coletivos masculinos e um feminino, todos em condições deploráveis. Também não há refeições a bordo e faltam pontos de água potável na plataforma.

Pressão para assinatura de Testes de Aceitação de Performance, mesmo com pendências graves em equipamentos
Parece existir um pacto entre contratadas, Engenharia e GEPLATs para que se aprovem coisas sem critério, permitindo assim que sejam pagas rubricas para as contratadas, em parte por chantagem destas empresas. Como se não tivessem já sugado muito dinheiro da Petrobrás, responsável pela volta de grandes obras no Estaleiro Brasfels em Angra dos Reis desde meados da década passada.

Critérios escusos na implantação de regime de embarque
Enquanto mudaram de um dia para outro o horário administrativo, passando de 7h às 16h para 13h às 22h, a gerência da plataforma tem demorado o quanto pode para implantar os trabalhadores em regime de embarque, com alguns tendo sido implantados em outubro, outros somente em novembro. Para tomar decisões de interesse da empresa as ações são rápidas, quando é de interesse do trabalhador esperam até o último momento possível.

Banco de horas ao invés de pagamento de Horas Extras (HE)
A Companhia insiste em colocar empregados para trabalhar o máximo possível com banco de horas (horas para compensar), não pagando horas extras mesmo quando devido, descumprindo Cláusula 18ª, que trata desta questão no ACT:

Cláusula 18ª - Serviço Extraordinário - Partida de Novas Unidades - A Companhia remunerará com um acréscimo de 100% (cem por cento), as horas extraordinárias realizadas de segunda a sexta-feira, em decorrência das atividades de partida de novas unidades, pelos empregados de horário administrativo nelas engajados.

Transporte - Ônibus Angra-Santos
A empresa colocou uma linha Angra-Santos, todas as sextas para atender a demanda no retorno do estaleiro para a base. O problema é que o horário de saída é 13h de Angra, chegando próximo das 22h em Santos. O pior, sem pagar as HE devidas por isso, uma vez que o empregado entra às 7h ou 8h no estaleiro. Após a jornada de trabalho, e tendo que enfrentar mais de nove horas de viagem, os trabalhadores são obrigados a pegar o ônibus sem tomar banho, pois não há chuveiros disponíveis na plataforma.

Em tempo: Pouco antes de finalizarmos esta matéria, recebemos a notícia de que o ônibus de Angra para Santos terá seu horário de saída alterado para 7h. A dúvida que segue é: Como serão pagos os empregados que nos outros dias iniciaram sua jornada às 7h e só tiveram seu término às 22h na sua chegada a Santos? Esses questionamentos também serão encaminhados à empresa.