Efeitos da privatização dão as caras em mais um grave acidente na região

sucateamento e demissões

A explosão no armazém de nitrato de amônio na Vale Fertilizante, na quinta-feira, 5, foi mais um alerta dos riscos da região ao modelo de venda de ativos e sucateamento de unidades industriais entregues à iniciativa privada.

O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo, mesmo assim seguimos importando grandes quantidades de fertilizantes, enquanto diminuímos a capacidade de produção por falta de ampliação dos polos produtores e pelo sucateamento da indústria nacional. 

A empresa em questão pertenceu à Petrobrás até 1994, quando foi privatizada pelo governo de FHC. Desde então, nenhuma grande obra de ampliação foi feita na unidade. A unidade de fertilizantes da Vale é uma verdadeira bomba, com alto poder de destruição, sendo operada de forma minimamente segura.

A empresa, que trabalha com uma planta de amônio em altas temperaturas, utiliza ainda gás residual de refinaria, possui plantas de ácidos nítricos e nitrato de amônio, que é um fertilizante, mas é também utilizado como matéria prima para explosivos. Ou seja, assim como nos dois últimos anos (2015, incêndio na Ultracargo, em Santos, e em 2016 da Localfrio, no Guarujá), a região contou com a sorte, que nos livrou de mais uma catástrofe.

Mesmo com as experiências em acidentes anteriores, o Plano de Auxílio Mútuo (PAM) e os grupos de emergência parecem não estar preparados para situações como os incêndios relatados. 
Na RPBC e UTE-EZR, após a explosão, por volta das 15h, os monitores do SMS não sabiam o que estava acontecendo. Apenas quando funcionários começaram a reclamar de ardência nos olhos, viram a necessidade de deixar o prédio do CEAD.

Sem o direcionamento dos pessoal de SMS, os próprios trabalhadores foram chamando os colegas para o ponto de encontro. No local, os funcionários aguardaram cerca de 40 minutos, expostos ao tempo e vulneráveis a mudança do vento. Somente depois da chegada dos trabalhadores da manutenção, já passando das 16h, os ônibus foram liberados.

Enquanto parte dos trabalhadores eram dispensados, a gerência da refinaria manteve sob risco os trabalhadores de turno, que não puderam deixar seus postos. O amadorismo na evacuação da unidade é muito preocupante. A falta de simulados de emergência envolvendo as empreiteiras é prova de que estão negligenciando a segurança na refinaria. Na última parada, por exemplo, não houve nenhum treinamento. 
A lógica do mercado é aplicada da mesma forma em todas as empresas privatizadas, que são vendidas a preços irrisórios, exploradas de todas as formas, utilizando dinheiro do governo e depois fechadas. Assim foi com a Usiminas, antiga Cosipa, que depois de privatizada foi sugada, sucateada até não interessar mais aos investidores, que simplesmente fecharam a unidade, deixando desempregados milhares de trabalhadores da região. 

Influencia do ACT nos rumos da empresa
Quando lutamos pela manutenção de direitos, quadro mínimo e contra o rebaixamento de salário dificultamos a venda de ativos pela companhia. Faz parte do plano de desinvestimento da Petrobrás a redução do custo da mão de obra. As demissões pelo PIDV e a falta de concursos para substituir os profissionais que estão deixando a companhia, acendem o sinal de alerta para segurança nas unidades e da intenção de se desfazer de mais ativos, como refinarias, termelétricas, terminais e o que mais interessar ao mercado. 
Lutar por um ACT digno é a arma que o trabalhador tem para defender empregos e a Petrobrás!