Com potencial para produção de 150 mil barris por dia, P-66 chega à área do pré-sal com pendências

Bacia de Santos

Após 10 dias de ter sido interditada pelos auditores do Ministério do Trabalho (MTE), a plataforma P-66 foi finalmente levada ao mar no sábado, 4 de fevereiro. O Destino da plataforma é o campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos. Inicialmente prevista para ir ao mar em 2015, a P-66 é a primeira das oito unidades replicantes a ficar pronta.

A interdição pelo MTE aconteceu após os auditores terem constato os problemas denunciados pelos trabalhadores que já estavam embarcados no estaleiro da Brasfels, em Angra dos Reis.

Depois de se reunir com a Petrobrás na sexta-feira, 3, o MTE autorizou a desinterdição da plataforma, ainda que com algumas pendências.

A P-66 terá a função de separar o óleo do gás e da água durante o processo de produção, armazená-lo nos tanques de carga, para depois transferi-lo para navios petroleiros, que farão o transporte.

A unidade operará dez poços produtores e oito poços injetores e terá capacidade para processar 150 mil barris de óleo por dia e 6 milhões de metros cúbicos de gás natural diários. A plataforma tem capacidade de armazenamento de 1,67 milhão de barris.

Com potencial para aumentar ainda mais a produção de petróleo do pré-sal, a P-66 deverá passar por alguns ajustes nas instalações para receber até 160 trabalhadores a bordo que se revezarão em turnos de 12h ou em regime de sobreaviso. Para diminuir custos na construção e posteriormente operação da plataforma, os espaços na unidade foram reduzidos. Enquanto uma unidade de tipo FPSO (navio-plataforma) tem cerca de 310m de comprimento, as unidades replicantes terão apenas 288m.

Andamento das pendências notificadas pelo MTE
Dentre as pendências resolvidas, a empresa providenciou EPIs, como máscaras de proteção facial, realizou testes de vedação e cursos presenciais de proteção respiratória e proteção auditiva, que eram feitos à distância. Também foram resolvidas pendências com equipamentos críticos como guindastes da unidade, mas que ainda apresentam muitos problemas operacionais.

A Petrobrás também havia sido notificada pelo sindicato sobre os desvios de conduta de um engenheiro, suposto “assistente do Geplat”, denunciado pelos trabalhadores como assediador. Depois de mais de 40 denúncias na ouvidoria da companhia ele foi afastado da unidade e passa por investigação.

Parte importante dos autos de interdição estava relacionada a falta de documentações, como prontuário de NR13, documentação de espaços confinados e certificados de treinamentos da força de trabalho, que não foram apresentados ao MTE na primeira visita, mas entregues depois.

Diversas condições das atividades executadas já foram modificadas sem a realização de nova análise do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Uma das condições não prevista pelo PPRA é o contato que os trabalhadores estão tendo com agentes biológicos, pelo tratamento sanitário da unidade. Pelo PPRA, uma medição deve ser realizada no período posterior a chegada à locação e outra quando começar a produzir.

O Sindicato está providenciando junto ao MTE o levantamento completo das pendências assinaladas e que foram colocadas verbalmente para a entidade.

Problemas de SMS
Os problemas relacionados à Segurança e Saúde do Trabalho começaram desde a fase de projeto, passando pela contratação para construção das unidades, em que pouco se preocupou com as condições de trabalho ao começar a produção.

No projeto dos FPSOs replicantes (P-66 a P-73), por exemplo, um dos itens importantes no contrato foi a economia de espaço, o que é prejudicial para a ergonomia do trabalho.

Com espaços resumidos, muitos equipamentos são de difícil manutenção e válvulas/instrumentos de difícil acesso, além de problemas indiretos, como o calor devido à concentração de equipamentos e ineficiência de sistemas de ventilação.

Outra questão pouco explorada nos novos projetos é a preocupação com ambiente de trabalho a bordo. Diferente de projetos anteriores de FPSOS, que tem piscina, quadra poliesportiva, academia ampla, sauna, como indicado no anexo II da NR-30, a P-66 tem apenas uma academia, com espaço reduzido.

Além do Sindicato para verificar e exigir melhorar as condições a bordo, os petroleiros contam com uma ferramenta importante a bordo, a CIPA, que de forma atuante deve ajudar a apontar e eliminar condições inseguras. O trabalho da Cipa deve ser respeitado e receber incentivo, treinamento e apoio.

O Sindicato atuará principalmente cobrando da empresa o aumento do quadro de efetivos da plataforma, bastante enxuto e que ocasiona problemas de sobrecarga de trabalhadores offshore. 

Desejamos boa sorte aos trabalhadores da P-66. O Sindicato estará atuando sobre a plataforma, acompanhando e cobrando dos órgãos regulamentadores, como o MTE, MPT, ANP e Marinha, melhores condições de ambiência e de trabalho.