Petrobrás coloca 74 plataformas à venda. Merluza, na Bacia de Santos, está na lista

Privatização

A Petrobrás anunciou na noite da última sexta-feira (28) a privatização de 30 áreas produtoras de petróleo espalhadas no país. De acordo com o comunicado oficial, a venda faz parte do seu plano de desinvestimento e envolve sete conjuntos (polos) de campos de águas rasas, totalizando 30 concessões em cinco estados brasileiros: Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo.

Das 30 concessões previstas, em apenas duas a Petrobrás não possui 100% de participação: Pescada e Arabaiana, no Rio Grande do Norte. A plataforma de Merluza, que fica na Bacia de Santos e compõe a base do Sindipetro Litoral Paulista, está na lista divulgada pela empresa.

Uma das plataformas mais antigas da companhia, Merluza está em operação desde 1993 e produz os campos de gás natural de Merluza e Lagosta. Instalada a cerca de 180 quilômetros da costa de Praia Grande (SP), a unidade escoa toda a sua produção através de um gasoduto de 215 quilômetros que liga a plataforma até a Unidade de Gás Natural localizada na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP). Cerca de 50 trabalhadores, sendo a maioria petroleiros concursados, trabalham na unidade.

Uma das bases mais atingidas pelo anúncio, o Sindipetro Norte Fluminense divulgou na manhã desta segunda-feira (31) que este anúncio envolve a venda de 74 plataformas, sendo 14 delas só na Bacia de Campos. Ainda de acordo com a entidade, a privatização destas unidades vai retirar da empresa uma receita de US$ 1 bilhão por ano, além de eliminar cerca de 10 mil empregos.

Mais do que uma continuidade do desmonte que a empresa vem sofrendo sob a gestão de Pedro Parente, homem de confiança de Temer na presidência da Petrobrás, a privatização dessas áreas representa o processo mais intenso de destruição da companhia desde o governo FHC, na década de 1990. Pelo atual plano da empresa, a meta é que o desinvestimento de ativos valiosos, muitos deles negociados a preço de banana e sem qualquer transparência, gere uma receita de US$ 21 bilhões até 2018.

Responsável desde o início da crise na Petrobrás por “estudos” que desvalorizaram ainda mais a empresa, com "avaliações" negativas de toda espécie, o Bank of America se apresenta agora como assessor da empresa na venda dessas áreas. Numa grande “coincidência”, a entidade que meses atrás era responsável por defender como saída para a crise a venda de ativos, com redução de custos e produção, é hoje a responsável direta por colocar em prática esse plano para a direção da Petrobrás.

Diante disso, fica cada vez mais evidente que a mão invisível do mercado sobre o futuro do país e da Petrobrás é cada vez mais explícito, nada invisível. Como parte da resistência do conjunto dos trabalhadores brasileiros aos ataques de Temer, é preciso que os petroleiros de todo o Brasil se unifiquem em um calendário comum de lutas para resistir ao desmonte dos nossos direitos e da nossa empresa. O único caminho possível para reverter a privatização da Petrobrás é a luta.