Refinaria sofre novo vazamento, o quinto em menos de um mês

Bomba-relógio

Parece matéria repetida, mas não é. A Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) sofreu um novo vazamento – o quinto em menos de um mês. O incidente, que ocorreu pouco antes das 7 horas da manhã desta quinta-feira (24), envolveu dessa vez o vazamento de butano – produto que compõe o GLP (o conhecido gás de cozinha).

Felizmente, o incidente foi rapidamente controlado pelos petroleiros que integram a equipe de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde). Nenhum trabalhador ficou ferido e não há riscos para a população da cidade e região. Entretanto, nada disso muda o fato de que a refinaria está se tornando uma verdadeira bomba-relógio. Não é possível que passemos a considerar tantos acidentes em tão pouco tempo como algo natural. 

Infelizmente, parece ser essa a intenção da direção da empresa: considerar tais fatos banais, normais. Ao menos quando é questionada e forçada a dar explicações, essa tem sido a versão oficial da empresa: “tudo está sob controle”. Para piorar, os gestores da refinaria seguem omitindo todas essas ocorrências do Sindicato. Preocupada muito mais com a repercussão negativa do que com a própria da vida dos trabalhadores e da comunidade circunvizinha, gerentes irresponsáveis seguem ignorando os apelos e alertas dos dirigentes do Sindipetro-LP. 

“Vários estudos que envolvem o levantamento de acidentes em áreas industriais apontam para um mesmo caminho: acidentes de grandes proporções, envolvendo vítimas e com forte impacto à comunidade e meio ambiente, são na imensa maioria dos casos precedidos por incidentes menores, de impacto reduzido. Por isso, não há fatalidade, não há azar. E não se pode banalizar o que está acontecendo neste momento na refinaria. Estatisticamente, é sabido que este é o caminho para grandes tragédias. Os gestores da Petrobrás sabem disso e nada fazem. Tudo em nome do lucro”, denuncia Fábio Mello, diretor do Sindipetro-LP.

Há meses o movimento sindical petroleiro, nacionalmente, vem denunciando que a redução de efetivo operacional das refinarias gera insegurança às instalações, aos trabalhadores e comunidades. Até agora, apesar do aumento no número de acidentes, nada parece convencer o presidente da companhia, Pedro Parente, de que é preciso anular esta política de enxugamento do quadro operacional. 

Para nós, está claro de que se for preciso escolher um lado, a redução de custos ou a preservação de vidas, o presidente da companhia ficará com a primeira opção. Os trabalhadores não irão se curvar a este verdadeiro crime contra a maior empresa do país e contra o seu maior e mais valioso ativo: a força de trabalho.

“Diante da postura da direção da empresa, que é de relativizar a gravidade desses incidentes e em alguns casos até mesmo omitir, estamos orientando os trabalhadores a registrar em todos os programas e relatórios de turno as ocorrências para impedir que esses fatos passem impunes. Se esses gerentes não estão preocupados com a Petrobrás e seus empregados, nós estamos”, afirma Adaedson Costa, coordenador-geral do Sindipetro-LP.

Histórico
1. No dia 21 de agosto, refinaria registra vazamento de GLP numa válvula localizada no setor de destilação. 
2. No dia 18 de agosto, princípio de incêndio no mesmo setor de destilação também em virtude de vazamento.
3. No dia 7 de agosto, refinaria e unidade termelétrica Euzébio Rocha sofrem com apagão por mais de meia hora após explosão em subestação de energia da UTE. Cetesb multa a refinaria em mais de R$ 100 mil. 
4. No dia 5 de julho, desarme do compressor da Unidade de Fracionamento Craqueamento Catalítico (UFCC) provoca abertura da válvula de segurança de pressão, liberando gases de hidrocarbonetos para tocha queimadora. Falha, que resultou na emissão de rolos de fumaça preta para a atmosfera, ainda está sob investigação. Cetesb considerou que houve danos ao meio ambiente.