Gerência da Petrobrás anuncia terceirização de setor estratégico para a segurança da RPBC

Assédio em pleno ACT!

Desde o inicio das paralisações contra a redução do quadro e terceirização na empresa, em junho de 2017, a gerência da Petrobrás passou a fazer forte pressão para extinguir o quadro de seguranças próprios da refinaria. Não nos parece coincidência essa medida, uma vez que passou a ser ventilada após um fato histórico: a adesão dos inspetores de segurança da RPBC às mobilizações, algo reconhecidamente raro neste setor dentro da companhia.

Até bem pouco tempo a gerência conseguia assediar e retirar os inspetores da luta com uma ameaça muito clara: o cargo é de confiança, quem sair da linha perde a função. Agora, diante da recusa dos trabalhadores em se submeter a esta chantagem, quer extinguir esses postos de trabalho! Um absurdo. O corte pretendido começaria pela segurança da Central Integrada de Segurança Patrimonial (CISP) que,de acordo com a gerência da unidade, deve ser assumida por uma empresa terceirizada já no começo de outubro.

Um setor estratégico
A CISP é para a segurança patrimonial como a CCI é para a operação. Ou seja, de fundamental importância, pois é na CISP que é feito todo o controle da segurança da RPBC, desde objetos que entram e saem da unidade, assim como de pessoas que circulam nas suas dependências. Em caso de um sinistro, éonde será feito o gerenciamento de crise.
Todos os dados e imagens geradas no CISP são classificados como NP3 - informações cuja utilização indevida possa acarretar danos graves para a Petrobrás ou para terceiros. Estão incluídas neste nível de proteção as informações protegidas por direito à privacidade. Diante disso, fica claro o papel estratégico desse setor e a consequente necessidade de que seja operado apenas por empregados próprios.

Gestores despreparados geram assédio e violação de acordos internacionais
O sindicato irá cobrar do corporativo da empresa, já na próxima reunião para discutir o ACT, que tome providências quanto à postura de seus gerentes que, num flagrante desrespeito às convenções internacionais de trabalho, estão criando um clima de terror com a força de trabalho.

A atual gestão da ISC na RPBC, nas figuras do coordenador, gerente setorial e gerente da ISC, estátornando a ambiência na refinaria cada vez pior. Para piorar, a certeza de impunidade permite abusos de toda ordem. Um exemplo é o gerente da ISC que, em plena campanha do ACT, ameaça descaradamente os trabalhadores, sendo mais ríspido ainda quando aborda mulheres.

Recentemente, o mesmo gerente chegou ao cúmulo de se recusar a falar sobre a implementação da terceirização da CISP, desligando o telefone na cara do diretor sindical, encerrando qualquer negociação. Diante disso, quem é intransigente?
A gestão da ISC não cumpre a própria palavra. Prova disso é que transferiu dois trabalhadores de maneira compulsória para outras unidades em retaliação à participação na luta legítima da categoria. Aliás, neste caso, as transferências compulsórias ocorrem em todo país. Outra irregularidade é a criação de banco de horas no lugar do pagamento de horas extras.

De preventivo a ostensivo: segurança faz trabalho de polícia dentro da RPBC
A empresa não apresentou nenhum estudo que justificasse a redução do efetivo da segurança na RPBC, seguindo a mesma linha de redução do quadro que vem fazendo com a operação, somente para diminuir custos operacionais para aumentar o lucro da dos acionistas e tornar a companhia mais atrativa para a privatização.
A diminuição do efetivo operacional coloca a RPBC em riscos reais de explosões e vazamentos. Mas háalgum tempo os trabalhadores têm sofrido com ações criminosas dentro da refinaria. A segurança patrimonial nunca prendeu tanta gente na RPBC como neste ano.

Na mesma proporção do desemprego na região, cresce também a taxa de criminalidade na Baixada Santista. Várias ocorrências de pessoas sendo presas por furto dentro da RPBC já foram registradas neste ano, o que por si só deveria servir de alerta para a gerência reforçar o efetivo, não diminuí-lo.
Podemos citar a recente prisão de um ex chefe do tráfico de drogas de Cubatão, apreendido dentro canteiro da engenharia da Petrobrás (IERB) pelos seguranças da unidade.
Todos sabem que o tráfico éaltamente armado e vingativo, portanto, não será surpresa para a gerência da unidade se houver retaliação a essa prisão.

A morte do Vigilante Francisco Eduardo, em 2014, durante um assalto a caixa eletrônico na RPBC não foi esquecida pelos trabalhadores nem por sua família, mas parece que a gerência da unidade não apenas esqueceu como faz pouco caso com a vida dos seguranças que continuam expostos a ataques criminosos na refinaria. São muitos quilômetros de área de mato, com diversos pontos cegos sem efetivo suficiente para observar tudo que acontece nas imediações. O que mais precisa acontecer para que a Petrobrás passe a zelar pela vida dos trabalhadores e reforce ainda mais a segurança na unidade? Ao que parece, somente quando forem criminalmente responsabilizados pelos incidentes ocorridos na unidade passarão a respeitar a vida dos trabalhadores.

O Sindipetro-LP seguirá lutando pelas reivindicações e direitos dos inspetores. Além disso, chamamos toda a categoria a cerca esses companheiros de toda solidariedade. Temos cobrado da empresa queresponda urgentemente as nossas denúncias.

A luta dos inspetores, junto com todos os petroleiros, não é mais por salários, mas sim pela segurança de todos e por dignidade. Ao se incorporar à luta, os Isis dão o exemplo: só a luta muda a vida.

Reforçamos aqui a orientação de que os inspetores de segurança não abandonem seus postos e informem ao sindicato se houver qualquer tipo de assédio. Qualquer alteração que envolva uma mudança nas atribuições de qualquer empregado deverá ser tratado em conjunto com o sindicato. Não aceitaremos nenhuma medida unilateral!

Estamos na luta!