Terceirizada assume contrato reduzindo em 50% salário de operários da RPBC

Terceirização sem limites!

A multinacional SGS, que assume a partir desta quinta-feira (26) o contrato que era da AUTVALE na RPBC, em Cubatão, tenta impor a mais de 50 terceirizados da refinaria uma redução de 50% em seus salários. Os trabalhadores afetados atuam no setor de manutenção elétrica e instrumentação e vivem, neste momento, um verdadeiro clima de terror.

A patronal apelou ao discurso da crise, lembrou aos operários o desemprego nas alturas e afirmou ser esta a nova realidade do mercado. Essa é a “proposta" para que a força de trabalho atual não seja substituída por outros trabalhadores, que hoje são parte dos mais de 13 milhões de desempregados espalhados pelo país. Aliás, Cubatão é uma das cidades onde o drama do desemprego é sentido de forma mais latente.

Mas a chantagem, revestida pelo discurso de que o momento é delicado para todos, não convenceu. Assim que a empresa apresentou a redução, os trabalhadores se revoltaram e rejeitaram este ataque. Diante da recusa, o representante da SGS foi além: na base do terrorismo, chegou a oferecer os postos de trabalho no PAT de Cubatão, gerando um clima de medo e apreensão.

Para concretizar esta redução, a empresa se apoia não só no discurso da crise, mas naquilo que concretamente ela proporciona à elite empresarial: o enorme exército industrial de reserva, formado pela massa de desempregados. Esse contingente massivo de assalariados fora do mercado, ávidos por uma carteira assinada ou até mesmo um bico, são usados pela patronal para pressionar a retirada de direitos e rebaixamento salarial de quem está empregado. É precisamente o que acontece na refinaria. "Terrível com a redução, pior ainda sem trabalho”, é o que muitos pensam. Dessa forma, os patrões lucram com o sofrimento e suor do povo trabalhador.

Além de se apoiar na crise, a empresa se apoia também no papel lamentável desempenhado pela Petrobrás. Em primeiro lugar, as funções desempenhadas por esses operários não deveriam ser terceirizadas. O correto seria a companhia ter uma política coerente de primeirização dessas atividades. Todos esses trabalhadores realizam atividades complexas, que exigem alta especialização, portanto o correto seria que todos fossem petroleiros primeirizados. Em segundo lugar, é um absurdo que a companhia siga tendo como único critério para a contratação de empresas terceirizadas o menor preço. Na imensa maioria das vezes, ao oferecer valores baixos essas empresas economizam na segurança dos seus trabalhadores para obter a margem de lucro desejada. Com isso, quem sofre é a força de trabalho, submetida a condições precárias de trabalho, jornadas exaustivas e direitos reduzidos.

O Sindipetro Litoral Paulista vem prestando todo o apoio ao Sindicato dos Metalúrgicos, que representa esses trabalhadores, para impedir que a redução seja concretizada. A empresa terá a partir desta quinta-feira (26) um prazo de trinta dias para se consolidar na refinaria. Para nós, é inadmissível que os trabalhadores sejam penalizados dessa forma.

Os petroleiros diretos são solidários à luta dos companheiros terceirizados. Porém, não se trata simplesmente de solidariedade de classe. A medida da SGS também afeta os trabalhadores "crachá verde", pois a substituição de companheiros experientes, que conhecem a realidade da refinaria, por trabalhadores novos, com menor qualificação em virtude dos baixos salários, vai na contramão de uma política de segurança coerente e eficaz.

Em meio à devastação dos direitos de toda a classe trabalhadora, em meio à tentativa de destruição e privatização da Petrobrás, nunca foi tão necessária a mobilização unificada de todos os trabalhadores em defesa de seus interesses. E na Petrobrás não é diferente. O Sindipetro-LP não hesitará em impulsionar uma mobilização unificada, com petroleiros diretos e terceirizados, para lutar não só contra este ataque da SGS, mas contra todas as medidas implantadas pelo governo Temer e por Pedro Parente contra a Petrobrás e sua força de trabalho. Juntos, somos mais fortes!

Em tempo
A Diretoria do Sindipetro_LP esteve hoje (26), na portaria 10 da RPBC, juntamente com os representantes do Sindicato dos metalúrigcos para dar apoio aos trabalhadores da terceirizada. 

São inúmeras as denúncias de troca de contrato com salários rebaixados. A Petrobrás vem participando de uma forma contundente, com a nova política de contratos, na precarização dos salários de pais de família.

Além disso, vem permitindo que os trabalhadores sejam trocados como peças de reposição usando a boa e velha política do “quer quer e não quer tem quem queira”. Os petroleiros e os sindicatos locais não irão permitir que esse absurdo aconteça. Todo e qualquer trabalhador tem que ter dignidade. Não tem como permitir essa terceirização indiscriminada porque falta muito pouco para quererem que todos trabalhem em troca de um prato de comida.

Os dirigentes do Sindipetro-LP ainda aproveitaram a oportunidade para afirmar que não hesitarão em moblizar a frente de trabalho para acabar com esses desmandos orquestrados por esses empresários que só visam o lucro em detrimento da classe trabalhadora.