Insegurança e descaso com efetivo marcam 6 meses de produção na P66

Denúncia

Com festa e expectativa, em 27 de maio começava a produção da P66 - primeira plataforma da Petrobrás a operar no pré-sal da Bacia de Santos. A plataforma tem capacidade de processamento de 150mil barris por dia e já produz a metade de sua capacidade total.

Desde sua saída do estaleiro Brasfels em 4 de fevereiro, na cidade de Angra dos Reis, já aconteceram cinco acidentes com alto potencial de risco. Além de gerar grande apreensão entre os trabalhadores, esses fatos revelam problemas estruturais que vão desde falhas devido à aceleração sem as devidas medidas de segurança no comissionamento da unidade até erros de projeto e descaso com a gestão do seu efetivo.

Diversos improvisos realizados em sistemas resultaram em vazamentos de diesel (12 de abril) e gás (20 de julho), rompimento de mangote de água à alta pressão (10 de novembro), além de explosão em painel elétrico por falta de vedação (27 de outubro).

Pequenos vazamentos de gás se tornaram recorrentes sem o devido tratamento e diversos improvisos foram realizados para operacionalizar equipamentos sem a devida análise de risco.

Descaso com efetivo agrava situação

Com uma equipe bastante nova e cercada de processos complexos inéditos nas unidades da Petrobrás devido às características do pré-sal da Bacia de Santos, a atenção com os treinamentos e respeito ao efetivo mínimo deveria ser priorizada pela companhia, mas a realidade na unidade é bastante diferente.

O efetivo de operadores de produção e mantenedores, já bastante reduzido, é constantemente desrespeitado pela falta de pessoal e a recusa da companhia em pagar horas extras em diversas situações. Chega-se ao absurdo de trabalhadores entrarem em férias empregados para substituí-lo.

Esta situação debilita o acompanhamento da entrada em operação de diversos equipamentos, sobrecarregando operadores e mantenedores, o que dificulta a prevenção a acidentes como os que já foram presenciados.

Em outros casos, técnicos vêm assumindo postos novos sem os devidos treinamentos e sequer reconhecimento de novos riscos através de ASO de mudança de função, como vem acontecendo na equipe de embarcação.

O Programa de Prevenção a Riscos Ambientais, que já deveria estar em sua terceira fase, por conta de mudanças nas condições de trabalho não teve nem mesmo a segunda fase concluída (o que deveria ocorrer assim que a unidade estivesse na locação). Essa situação é oportuna para a gestão irresponsável da empresa, pois oculta riscos ambientais crescentes na P66 como ruídos e produtos químicos.

A cobrança sobre a força de trabalho em virtude dos sucessivos acidentes e quedas da planta é crescente, como se a equipe de operação fosse responsável por diversos erros de projeto e conseguisse com o baixo efetivo acompanhar todas atividades, além da rotina operacional.

A companhia, que diz ter como princípio a segurança, deveria entender que precisa de investimento na força de trabalho, com treinamento, respeito ao efetivo mínimo, valorização e menos pressão para aceleração de trabalhos. A posição que a Petrobrás vem apresentando na condução do ACT de forma geral e na P66 em específico está na contramão desta conduta.