Classe trabalhadora revive repressão e truculência dos anos de chumbo

Na última sexta-feira a população da região assistiu uma verdadeira demonstração de que o poder econômico anda de mãos dadas com a repressão no ataque à classe trabalhadora.Na porta da Cosipa trabalhadores que pacificamente protestavam contra a tentativa da empresa em incluir no acordo coletivo pontos rejeitados pela categoria em assembléia e contra a falta de segurança nas instalações da companhia, foram duramente atacados com cacetetes, balas de borracha e bombas de efeito moral pela tropa de choque da PM.Na entrada do turno da noite a empresa conseguiu apagar as luzes da avenida que dá acesso à fábrica e os policiais entocados no mato, atacaram covardemente com bombas e balas de borracha os trabalhadores que desciam dos ônibus para engrossar a manifestação. No sábado, os trabalhadores foram mantidos em cárcere privado nos ônibus pelos homens da PM para impedi-los de participar da assembléia.Os fatos falam por si: além de no texto do acordo a Cosipa tentar aumentar a carga horária mensal dos metalúrgicos de 200 para 220 horas (proposta rejeitada em assembléia), de inserir a validade do acordo por dois anos (ponto não discutido pelos trabalhadores), a empresa descumpriu uma decisão judicial que garantia aos trabalhadores o direito de se manifestar pacificamente na porta da fábrica.Mas, apesar de toda a truculência, o ato foi vitorioso. Ele serviu também para alertar a população contra a crescente insegurança na área da companhia. Em menos de uma semana três trabalhadores foram vitimados. Foram 38 mortes desde 1993 (ano de privatização da Cosipa).O saldo até agora é a prova de que os trabalhadores mantêm vivo o seu poder de indignação. Na mobilização de sexta e sábado outros sindicatos que fazem parte da Intersindical, como Sindipetro-LP, Bancários e Servidores de Santos, além dos vidreiros SP, metalúrgicos do Vale Paraíba, Metalúrgica de Campinas e também movimentos sociais como MST e MTST estiveram presentes em solidariedade aos metalúrgicos, resgatando na prática a combatividade e as lutas esquecidas pela CUT e demais centrais que hoje mantém seus assentos no Governo. O papel que verdadeiramente deve ser exercido por uma central de trabalhadores.Outra discussão que deve ser feita é a inversão de papéis por parte do aparato militar. Hoje ele trabalha para proteger o patrimônio privado a favor do poder econômico e se volta contra a população e os trabalhadores, que constitucionalmente têm todo o direito de se manifestar.Quanto à postura da empresa e mais especificamente do Grupo Usiminas, há muito tempo os trabalhadores sabem que não podem esperar qualquer atitude nobre, além do discurso de fachada da chamada responsabilidade social". Sabemos que o Grupo Usiminas é um dos que mais engrossam o lobby das corporações no Congresso para alterar garantias trabalhistas. Cadê a responsabilidade social para com o trabalhador?O patronato se articula muito bem e os representantes do empresariado sabem somar forças e fazer alianças entre si, nos mais variados ramos de atividade. É hora de todas as categorias também se unirem em uma só voz e lutarem contra o ataque aos direitos trabalhistas."