Com direito a bloqueio de crachás e operação tapa-buraco, CA da Petrobrás faz visita surpresa no Tebar

Novo gerente foi apresentado

A notícia de que membros do Conselho de Administração (CA) da Petrobrás estavam no Terminal Transpetro de São Sebastião (Tebar), na quarta-feira (7), causou uma verdadeira operação tapa-buracos na unidade, acompanhada de uma série de especulações sobre a visita.

Como há muito tempo não se via, depois de inúmeras cobranças e tentativas de diálogo do Sindicato com a gerência do terminal para resolver pendências, só foi aparecer a comitiva que logo autorizaram corte do mato, conserto da porta de entrada na recepção, compra de cones novos de sinalização e pintura até da sinalização de estacionamento por onde a comitiva passaria.

Logo que soube da presença do CA, a diretoria do Sindipetro-LP tentou entrar em contato com a gerência do terminal, mas durante a visitação não houve resposta. No dia seguinte, após o grupo ter ido embora, a gerência chamou o sindicato para falar sobre o motivo da visita surpresa.

Segundo a gerência, a ilustre inspeção ocorreu pelo fato de o Tebar fazer parte do grupo de unidades com as menores taxas de acidentes registráveis. Isso fez com que os Conselheiros da Petrobrás, incluindo a atual representante dos trabalhadores, a omissa Betânia, fizessem questão de agendar a visita. Isso porque, segundo a gerência, “rotineiramente comparecem nas bases com os menores índices de acidentes registráveis” para verificar quais são as boas práticas do local.

O gerente do Tebar, Márcio Guimarães, aproveitou para apresentar o novo gerente do terminal, Luiz Carlos Maia Junior, oriundo do Terminal aquaviário de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, que  irá substituí-lo. Durante a visita, a comitiva foi também conhecer um dos navios atracados no píer.

A falta de comunicado ao Sindicato, conforme informou a gerência, foi devido ao aviso em cima da hora da visita do CA. No entanto, dias antes da visita, na última semana, os trabalhadores no Tebar notaram a movimentação tapa buraco na unidade, pintando, reformando, consertando piso quebrado, “como quando alguém importante vem visitar o terminal”, contou um petroleiro.

Estranhamente, na segunda-feira (5), devido a uma reunião de Cipa, o diretor do Sindipetro-LP, Márcio André, tentou passar seu crachá no acesso do terminal, mas estava bloqueado. Como de costume, em casos de problemas com entrada na unidade, o diretor entrou como visitante para a reunião. Até o momento o crachá continua bloqueado. Questionada sobre o problema, a gerência informou que eventualmente isso acontece e que até mesmo um dos membros do CA teve que entrar com crachá de visita. A diretoria foi informada que em breve será solicitado o desbloqueio dos crachás.

Para o Sindipetro-LP, a gerência do Tebar evitou deliberadamente que os dirigentes sindicais encontrassem a comitiva. Também está claro que a maquiagem, incluindo a ausência de sindicalistas inconvenientes, foi articulada especialmente para a os representantes do CA.

Mesmo com a justificativa de que a visita tratava-se dos baixos números de acidentes, a forma quase conspiratória com que a comitiva foi recebida levantou suposições sobre o motivo real da visita: a venda do terminal, conforme prevê o plano de venda de ativos da Petrobrás. Não é segredo a intenção de Pedro Parente se desfazer do terminal, portanto não seria exagero dizer que a visita secreta só acende o alerta de que os planos de privatização estão mais encaminhados do que nunca.

Economia burra e puxa-saquismo em alta
Assim como em outras unidades da Transpetro e Petrobrás, a ordem da diretoria é cortar gastos. No Tebar, até então, a gerência diminuiu ao máximo a manutenção da unidade, reduzindo desde a periodicidade para cortar o mato, como para reparos afins. Com isso, várias situações de risco foram se formando na unidade, prejudicando o trabalhador. Por estar próxima à mata atlântica, a vegetação alta e a incidência de animais silvestres na área tornaram quase impossível o acesso dos operadores aos locais de trabalho.

A falta de manutenção nas vias causou defeitos nos carros usados no Tebar, que por sua vez também estão ficando encostados, por economia na manutenção dos veículos, estando quase todos quebrados.

A alimentação também tem perdido a qualidade, além de vir em porções menores, muitas vezes insuficientes para o turno da zero hora, sendo servidas refeições frias ou requentadas, quase intragáveis, conforme relatam diversos trabalhadores.

Diante de tantos problemas, o Sindicato vinha cobrando da gerência melhorias na unidade e reuniões para tratar desses assuntos, mas com o início do acordo coletivo de 2017 todas as reuniões com o RH foram suspensas.

Para a categoria, a visita do CA demonstra dois graves erros na administração da Petrobrás: o puxa-saquismo da gerência em apresentar para os executivos e diretoria um terminal impecável, enquanto que para os trabalhadores restou apenas reclamar e ter que conviver com os problemas por longos meses, mesmo correndo riscos e gerando prejuízos para a empresa que tanto preza pela economia; outro problema foi cercear o direito dos trabalhadores e representação sindical de dialogar com os membros do CA, ainda mais com o estranho bloqueio do crachá de diretor, mais parecendo uma prevenção para que não abordassem a comitiva.

O Sindipetro-LP irá registrar uma reclamação formal à Petrobrás e Transpetro por mais esta prática antissindical. A gerência do Tebar não é dona da unidade e deve sim satisfação para a categoria. Estamos de olho!