Rio Pardo: Petrobrás promove mudanças, para reduzir gastos, mas sai no prejuízo.

Tiro pela culatra

A gerência da Petrobrás não cansa de “tomar na cabeça” ao tentar reduzir gastos a todo custo. O trocadilho fica evidente, mas é a mais pura realidade. 

No período de carnaval lançaram um pig para chegar à estação de Rio Pardo. O pig é um dispositivo cilíndrico ou esférico concebido e utilizado inicialmente com a finalidade de limpar o interior de dutos.

O dispositivo foi lançado mesmo a chefia tendo ciência de que não haveria um contingente adequado e treinado para trabalhar. O pig não foi recebido adequadamente elevando a pressão do oleoduto, o que acabou desarmando todo o sistema de bombeamento.


O dispositivo estraçalhou e tiveram que parar a operação para limpar o duto. A coisa foi tão séria que operadores (que foram retirados de Rio Pardo pelos gestores) foram acionados para resolver.


O que acabou comprometendo o estoque processável que chegou a um dia, quando deveria ser de pelo menos três e prejudicou também toda a logística de abastecimento de petróleo.


Todo e qualquer petroleiro sabe que duto parado significa a perda de milhões de reais. Agora quem vai pagar essa conta? Será que a gerência não calculou que a retirada dos operadores ia dar nisso?
O Sindipetro-LP aguarda convocação para participar da investigação desse acidente que poderia ter proporções ainda maiores, já que até os bombeiros foram acionados para retirar parte do pig e, para piorar a situação, houve impacto no píer. 
 
Economia a “toque de caixa”
A Estação do Rio Pardo fica no território e Caraguatatuba, que é o município compreendido pela competência do Sindipetro-LP. Dentro da empresa administrativamente quem coloca a mão de obra no Terminal Rio Pardo não é a chefia do Terminal Almirante Barroso (Tebar) e nem da Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), mas o Terminal de Guararema.


Rio Pardo é uma estação intermediária de bombeio, ou seja, o petróleo cru sai de São Sebastião, e passa por lá até chegar ao Planalto. O TEBAR é responsável pelo bombeamento de cerca de 40% de todo o petróleo movimentado no país.


No alto da serra, no meio de uma reserva ambiental, a estação intermediária ajuda nesse bombeio até o Planalto. Até o ano passado eram operadores que trabalhavam no local. Para cortar gastos a gerência da empresa resolveu substituir esses trabalhadores por técnicos de manutenção e o que fosse pertinente aos operadores poderia ser feito no Rio de Janeiro, através de computadores.


Os dirigentes do Sindipetro-LP souberam dessa mudança e resolveram vetar essa troca alegando que seria perigoso já que a estação fica no meio de uma reserva ambiental e que a unidade deveria ser “tocada” por operadores que eram qualificados para a função, como sempre foi, desde sua criação. A gerência, por sua vez, insistiu nesse absurdo e utilizou de expedientes que dificultaram o trabalho de mobilização do sindicato, e fez uma DIP efetivando a mudança.


Diante disso, o Departamento Jurídico do nosso Sindicato entrou com uma ação na justiça pedindo que o juiz competente impeça essa alteração, tendo em vista o alto grau de periculosidade, já que pode ocorrer um acidente e não haverá pessoas capacitada para evitá-lo ou diminuir seu potencial. O processo continua tramitando na justiça, mas infelizmente não teve um desfecho a tempo de impedir que esse acidente acontecesse.