Ato em Defesa da Petros leva mais de dois mil petroleiros em protesto no Rio de Janeiro

Se cobrar vamos ocupar!

Quase três mil pessoas, entre petroleiros da ativa, aposentados e pensionistas, participaram do Grande Ato em Defesa da Petros, realizado nesta quarta-feira (21), no Rio de Janeiro.

Com caravanas dos sindicatos da FNP e com a participação de petroleiros de várias partes do país, como Rio Grande do Norte e Ceará, às 12h30, horário marcado para a concentração, a frente do Edifício Senado estava tomada pelos trabalhadores. Pelo Litoral Paulista dois grupos participaram do protesto, partindo um ônibus de Santos e outro de São Sebastião, neste último com os companheiros da base do Sindipetro São José dos Campos.

Por volta das 13h30 uma pista da avenida foi fechada para iniciar a passeata até o Edifício Administrativo da Petrobrás, (Edisa). Somente neste momento foi possível ter noção do tamanho real da mobilização.

Sob gritos de “se cobrar vamos ocupar”, a caminhada até o Edisa foi tranquila e contou com apoio de populares, que também entoavam palavras de ordem como “fora Temer” e “viva a Petrobrás!”.

A cobrança do equacionamento está prevista para começar em março e irá aumentar em muitos casos mais de três vezes a contribuição de assistidos da Petros, como no caso da aposentada Irene Carneiro que paga R$ 800 de contribuição para a Petros. Com a taxa extra do equacionamento terá que desembolsar R$ 2400,00 por mês. “Com reajuste de 1,8% no salário, tendo que pagar a faculdade da minha filha, vou ter que procurar um aluguel mais barato para morar, porque vai ficar difícil”.

Para a FNP e demais entidades que defendem o recálculo do equacionamento, a cobrança extra dos petroleiros é um equívoco, já que a Petrobrás, patrocinadora do plano, tem uma dívida com a Petros, referente ao déficit causado pelo não pagamento de Acordo de Obrigações Recíprocas (AOR). Na época, o valor chegava a R$ 10 bilhões, mas devido a acordo com a FUP, a Petrobrás se comprometeu a pagar R$ 4,7 bilhões. Este valor foi contabilizado pela Petros, mas não foi pago e hoje, com a atualização anual, chega a R$ 9,2 bilhões. Considerando que o acordo não foi pago pela Petrobrás, a empresa deve ainda cerca de R$ 9,8 bilhões ao fundo, quase quitando o déficit, avaliado em mais de R$ 27 bi. Se considerado o recadastramento dos assistidos e a família real, o déficit deve ser ainda menor, mas nem Petros nem Petrobrás consideram essas possibilidades. 

Durante o evento, surgiu a proposta de um novo ato, antes do dia 10 de março, mês que a cobrança começa a ser descontada nos contracheques. Em breve traremos mais informações sobre ações futuras.

A grande adesão dos petroleiros nessa mobilização fortalece toda categoria e cria espaço para ações mais incisivas contra a política de colocar na conta do trabalhador todos os erros dos gestores dessas empresas.

O recado foi dado: Se cobrar vamos ocupar!