Mobilização e unidade entre sindicatos barram redução salarial

RPBC

A luta contra a retirada de direitos no Polo Industrial de Cubatão arrancou uma importante vitória. A atuação articulada entre movimento sindical e Comissão de Desempregados, somada à luta protagonizada pelos trabalhadores da ALPITEC, impediu a redução de salários e benefícios que a empresa tentava impor. Contratada para atuar na parada de manutenção da RPBC, a terceirizada fez de tudo para repetir a receita da patronal nesses tempos de crise: em nome do lucro, impor um nível de exploração ainda maior sobre a classe trabalhadora.

O capítulo final desta vitoriosa batalha aconteceu na manhã da última sexta-feira (6), em assembleia conduzida pelo Sindicato dos Metalúrgicos na porta da refinaria. Os trabalhadores deflagraram greve contra a proposta patronal para o “bônus de parada”. Mas só por algumas horas, pois a mobilização foi suficiente para a empresa recuar. Esta remuneração, que equivalia a 300 horas de trabalho nos contratos anteriores, despencou para 100 horas. Com a categoria de braços cruzados, a Alpitec subiu o valor para 200 horas. A proposta foi aprovada e os grevistas voltaram ao trabalho no mesmo dia - sem desconto pelas horas de paralisação.

Essa conquista é muito importante! Mas como dissemos, foi apenas o desfecho de um processo que começou no final do ano passado. Em novembro de 2017, os sindicatos de Petroleiros, Metalúrgicos, Construção Civil e Comissão de Desempregados de Cubatão iniciaram um esforço conjunto para barrar a chantagem patronal sobre os trabalhadores do Polo Industrial da cidade.

No caso da Alpitec, essa união impediu a redução salarial. No dia 19 de dezembro, dia nacional de luta contra a reforma da previdência, a refinaria amanheceu paralisada. O protesto, que envolveu petroleiros diretos, terceirizados e desempregados, também tinha uma pauta local: a exigência por nenhum direito a menos no contrato da parada de manutenção. Após diversas reuniões, as negociações tiveram como resultado uma elevação substancial dos salários apresentados na primeira proposta. Após intensa negociação, a faixa salarial de ao menos vinte funções foi reajustada. Os valores subiram, em média, de 15% a 30%.

Crise pra quem?
Com o drama vivido por 14 milhões de brasileiros, que hoje estão sem emprego, as empresas vêm retirando direitos reproduzindo o mesmo discurso: “a culpa é da crise”. Diante do momento difícil que atinge “todos”, apelam aos trabalhadores para que sejam compreensíveis. Ao mesmo tempo, quando os apelos não convencem ameaçam aqueles que se indignam com demissão. “Se não quer, tem quem queira” é a frase mais usada pelos patrões.

A verdade é que a crise tem sacrificado apenas o lado mais fraco da corda: os trabalhadores. A choradeira patronal tem demonstrado ser mero pretexto para lucrar ainda mais com o nosso suor. Em diversos casos, constatamos que a redução salarial vem sendo aplicada mesmo em contratos que não tiveram os seus valores reduzidos. Ou seja, longe de ser um problema, a crise tem sido fonte de lucro dos grandes empresários. “O objetivo é elevar as tabelas salariais não somente na Petrobrás, mas em todo o Polo Petroquímico de Cubatão”, relata Fábio Mello, diretor do Sindipetro-LP. Opinião semelhante apresenta Tanyo Marques, membro da Comissão de Desempregados. “Que essa vitória sirva de alerta às empresas que chegarem no polo: não aceitaremos que reduzam salário e direitos. O trabalhador está disposto a lutar”.

Resistir é necessário e possível!
A união das direções sindicais e a luta dos trabalhadores são uma poderosa combinação contra os ataques dos grandes empresários. É o que demonstra a experiência concreta na Alpitec. A tarefa prioritária deve ser, em todos os locais de trabalho e categorias, barrar a famigerada reforma trabalhista! Neste momento, a luta passa a ser travada Nenhum direito a menos em nossos acordos coletivos! O Sindipetro Litoral Paulista seguirá colocando suas energias nesta tarefa fundamental!