Fórum sobre ergonomia reuniu especialistas, trabalhadores e estudantes na sede do Sindipetro-LP

Segurança e prevenção

O Sindipetro-LP, em parceria com a Fundacentro, Unesp e USP, realizaram na segunda-feira (22), na sede do Sindipetro-LP o 66º Encontro Presencial do Fórum de Acidentes de Trabalho com o tema: A Ergonomia da Atividade e a Atividade da Prevenção.

O fórum teve como palestrantes José Marçal, da Fundacentro, Francisco de Paula Antunes, da UFMG, Adelaide Nascimento, professora do Conservatoire National des Arts et Métiers (França), Fátima Queiroz, da Universidade Federal de São Paulo e Leda Leal Ferreira e Aparecida Maria Iguti, da Fundacentro.

Na abertura do evento, Marcelo Juvenal, diretor do Sindipetro-LP falou sobre a missão dos presentes no fórum, diante dos prejuízos da reforma trabalhista para a segurança do trabalhador: “Nós trabalhadores, da área da engenharia, segurança, pesquisadores e estudiosos, temos uma grande missão, que é a garantia das condições seguras para a atividade de todos os nossos parceiros. Temos a missão de evitar retrocessos dentro de nossas atividades, dentro do ambiente de trabalho, pior do que foi aprovado na reforma trabalhista, que hoje impõe às mulheres trabalharem em lugares insalubres”.

Marçal lembrou que mesmo diante do retrocesso imposto pela reforma trabalhista, conquistamos avanços nos últimos 30 anos na área da Saúde, graças a fóruns como o que estava sendo realizado.

De acordo com os palestrantes, é com debates em fóruns e seminários que as pesquisas avançam e vão para o local de trabalho, para entender a raiz dos problemas de saúde do trabalhador.

Enquanto na apuração de acidentes laborais e das doenças ocupacionais as empresas culpam o trabalhador, as pesquisas em campo revelam as causas reais dos problemas, e ajudam a diminuir as causas e efeitos dos distúrbios. Um exemplo foi com relação à Lesão por Esforço Repetitivo (Ler), que acomete e afasta do trabalho milhares de pessoas, mas que graças ao estudo da ergonomia no processo do trabalho, tem conseguido diminuir os males, com exercícios, mudança de postura e equipamentos apropriados para diminuir as lesões.

“A transformação só ocorre quando a gente muda a visão de todos os atores do processo do trabalho”, explicou a palestrante Leda. “O desafio da transformação vai além de fazer um bom diagnóstico, é preciso que todos sentem e debatam, frente a frente para transformar a visão sobre acidente”.

 A pesquisadora da Fundacentro falou sobre seu trabalho junto aos petroleiros, quando, após meses de pesquisa, acompanhando a rotina de trabalho das equipes, foi constatado que o corte do número de operadores do efetivo da Petrobrás era meramente para aumentar o lucro da empresa.

Neste ponto, Juvenal lembrou que em algumas áreas da RPBC, o número máximo de operadores durante a jornada de trabalho é de três pessoas. Porém, apenas para colocar uma roupa especial para entrar na área em caso de um vazamento, seria preciso duas pessoas para vestir o equipamento. “Ou seja, no caso do incidente ocorrer durante o horário de descanso do operador do monitor, o trabalhador que estiver na área não terá como atuar para conter o incidente, o que coloca toda a unidade, trabalhadores e moradores do entorno da unidade em perigo”.

Após as palestras, foi exibido o filme ‘Horizonte profundo, desastre no golfo’, baseado no acidente com a plataforma Deepwater Horizon, da empresa British Petroleum, no Golfo do México, que matou 11 pessoas e causou o maior acidente ambiental da história dos Estados Unidos.