Gestores tocam o terror para tornar companhia “o mais próximo possível de uma empresa privada”

Assédio e demissões a serviço da privatização

O que já estava crítico na gestão Temer, nas mãos de Bolsonaro ganha um novo patamar. A intenção de privatizar a empresa está escancarada: “vamos transformar a Petrobrás no mais próximo possível em uma empresa privada”, disse recentemente Roberto Castello Branco, presidente da companhia. De assédio à demissões, todas as cartas e ativos estão no balcão de negócios do governo.


Os trabalhadores estão em clima de medo, assediados por gerentes e superiores, como no caso denunciado no Edisp, em que o gerente executivo Claudio Costa disse que muitos seriam demitidos. Importante lembrar que não se trata de um ataque isolado.


Ninguém está a salvo. Não há nenhuma garantia, por exemplo, de que os petroleiros do Litoral Paulista estão seguros, ou de que novos cortes e ameaças não serão feitas. O objetivo é privatizar a companhia aos pedaços e entregá-la à iniciativa privada. E isso envolve o enxugamento de sua força de trabalho. As decisões unilaterais já estão sendo tomadas. Cerca de 200 trabalhadores foram retirados pelo Mobiliza de suas áreas e funções e enviadas a localidades distantes de sua atuação. 

Caça às Bruxas
Iniciado em 2015 pelo então diretor de Governança e Conformidade, João Elek, a área responsável pelos processos de controles internos promoveram nos últimos dois anos uma verdadeira “caça às bruxas”. Em todo o país, mais de 80 trabalhadores foram demitidos por justa causa, alguns acusados de terem participado de esquemas de corrupção em que os principais envolvidos são diretores do alto escalão.


Alguns demitidos sequer sabiam que estavam sendo investigados, sendo responsabilizados sozinhos por irregularidades em contratos antigos. O mínimo direito de defesa não foi garantido, o que transformou essas comissões de apuração em “tribunais de Inquisição”. Segundo os demitidos, o próprio diretor de Conformidade da Petrobrás afirmou ser necessário dar uma resposta ao mercado, que cobrava ações da empresa.

Demissão por (in)justa causa

A demissão por “justa causa” da médica Jussara Pires Vieira de Souza, da Transpetro no Rio de Janeiro, é um retrato dos novos tempos. O seu erro? Ter cumprido o dever profissional de emitir uma CAT para um trabalhador que sofreu assédio moral. Numa reação em cadeia, primeiro recebeu uma advertência verbal e depois perdeu a coordenação de um programa de saúde ocupacional que conduzia. Afastada por doença, justamente devido ao assédio sofrido, a médica teve seu afastamento reconhecido pelo INSS. Porém, a empresa não emitiu CAT e treze dias após retornar ao trabalho a surpresa: Jussara havia sido demitida por justa causa.