Transporte público da Baixada Santista vai parar na greve geral de 14 de junho

Contra reforma da previdência

Como ocorreu na greve geral de 2017, o transporte público da Baixada Santista não irá circular nas principais cidades da região no dia 14 de junho - quando trabalhadores de todo o Brasil cruzarão os braços contra a reforma da previdência.

A decisão de suspender a circulação de ônibus foi anunciada pelo presidente da federação dos trabalhadores em transportes rodoviários do estado de São Paulo (Fttresp), Valdir de Souza Pestana. "Vamos parar por necessidade. Não podemos aceitar passivamente os ataques do governo aos direitos do povo brasileiro, como acontece com a nefasta reforma da previdência”.

A declaração foi feita após reunião de sindicatos e federações dos trabalhadores em transportes do estado de São Paulo, no Sindicato dos Metroviários, na capital. O encontro aconteceu na última segunda-feira (27) e teve como objetivo organizar o setor para a greve geral. Compareceram ao encontro oito centrais sindicais, três federações, duas confederações e mais de 20 sindicatos. Dentre eles, rodoviários, metroviários, ferroviários, caminhoneiros autônomos e celetistas, trabalhadores dos setores aéreo, portuário e marítimo.

Outra decisão das entidades presentes foi se integrar ao 2º Ato Nacional em Defesa da Educação nesta quinta-feira (30), quando estudantes e professores de todo o Brasil novamente irão protagonizar a luta contra os cortes na educação pública.

A plenária debateu também a participação das categorias, em 5 de junho, em Brasília, no lançamento da frente parlamentar mista em defesa dos trabalhadores em transportes.

Em defesa do petróleo
Pestana destaca também os prejuízos ao país com a política de preços dos combustíveis, que está levando os caminhoneiros a se juntarem com os rodoviários urbanos. “Os combustíveis já subiram mais de 30% nestes primeiros cinco meses do ano”, lembra o dirigente rodoviário. “E isso não prejudica apenas os caminhoneiros, mas toda a economia nacional”.

Pestana classifica como inaceitável a privatização e a desnacionalização das refinarias da Petrobrás, anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seu ministro da Fazenda, Paulo Guedes. “Para entregar nosso petróleo e nossas refinarias à iniciativa privada, principalmente ao capital financeiro internacional, o governo não quer saber o que isso significa para o afundamento do país”, diz ele.

“Sabe quanto vale o pré-sal?”, pergunta o sindicalista. Ele mesmo responde: “Vale US$ 10 trilhões, mais da metade do PIB norte-americano. E o governo quer entregar a preço de banana”.

Pestana argumenta que o pré-sal, com o dólar a R$ 4, vale R$ 40 trilhões, dez vezes mais que o orçamento anual do Brasil, de R$ 4 trilhões. “Devemos aceitar isso passivamente?”.

Os petroleiros do Litoral Paulista decidem no próximo dia 4, em Assembleia Geral a partir das 17 horas, a participação na greve geral de 14 de junho. A categoria também votará a primeira proposta de acordo coletivo de trabalho apresentaram pela direção da Petrobrás. A direção do movimento sindical indica a rejeição, por entender que a intenção da alta cúpula da empresa é facilitar a privatização das refinarias.

“A proposta é reajuste zero no salário e o desmonte de diversos direitos. Praticamente 60% do nosso acordo é suprimido pela empresa. O plano está bem nítido: reduzir custos atacando os trabalhadores para atrair o mercado privado e vender nosso parque de refino”, denuncia Adaedson Costa, coordenador-geral do Sindipetro-LP e secretário-geral da FNP.

Fábio Mello, diretor de comunicação do Sindipetro-LP, explica que os petroleiros também vão se somar à luta em defesa da educação. “Neste dia 30 faremos novas mobilizações, como fizemos no dia 15. E na Assembleia nosso papel será defender a participação da categoria na greve geral. Não nos faltam motivos para cruzar os braços".

Além disso, Mello ressaltou a importância da decisão dos rodoviários. "Nos motiva muito a decisão dos rodoviários, que assim como os caminhoneiros estão compreendendo que a privatização das refinarias é muito nociva para o país. Aumentará nossa dependência diante do mercado privado internacional e agravará a desastrosa política de preços dos combustíveis. A unidade dessas categorias é fundamental para que enfim seja pautada uma política baseada na defesa da soberania nacional e do desenvolvimento social do país".

Com texto de Paulo Passos, assessor do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Santos e Região