Em Mexilhão, terceirizada deixa trabalhadores sem alimentação

Tá difícil de engolir

A política de contratação de prestadores de serviços, dentro do Sistema Petrobrás, anda de mal a pior. A gerência da estatal vem assinando contratos com empresas que não possuem estrutura ou compromisso para manter os trabalhos e/ou cumprir com todas suas obrigações trabalhistas.

A política de contratação das terceirizadas é apenas uma cortina de fumaça para o que vem sendo orquestrado pelos gestores da estatal que visam na redução de custos com alimentação formas de tornar a venda de ativos mais atrativas para o mercado. De sua parte, as contratadas buscam o lucro reduzindo a qualidade e quantidade dos alimentos servidos, diminuindo a mão de obra a bordo e dilatando ao máximo as entregas de alimentos, que já não são suficientes para cobrir o período entre os abastecimentos em alto mar.

A Norsul, empresa de hotelaria das plataformas, velha conhecida dos trabalhadores da Plataforma de Mexilhão, é um bom exemplo disso. A equipe da terceirizada, que tem contrato de hotelaria até agosto, embarcou, nessa semana, desfalcada de cozinheiro, saloneiro e taifeiro. Os reflexos já se fizerem sentir logo no primeiro dia, pois, a ceia servida a meia noite não foi suficiente para todos. Além disso, o grupo de operadores, que assumiram o posto às 2h, também não teve lanche, que é servido normalmente nesse horário, o que mostrou com grande clareza a negligência e falta de respeito ao contrato, ainda em vigência, e com aqueles que trabalham confinados. Isso causou uma grande indignação já que os trabalhadores não possuem outra opção de alimentação por ser proibido o embarque de alimentos não perecíveis.

No mês de maio a Norsul também causou um grande estresse entre os embarcados, dessa vez na Plataforma de Merluza,  porque por pouco os trabalhadores da unidade não ficaram sem ter o que comer. Essa situação foi gerada por dois erros: de logística, na programação dos barcos que atendem a plataforma, estendendo o prazo para abastecimento do rancho; e por corte no estoque dos alimentos por parte do preposto da Norsul. Nos dias anteriores à data limite para abastecimento já se percebia a pouca oferta de frutas e afins, e com a informação de atraso da embarcação do rancho o pessoal de bordo passou a imaginar como seria uma dieta forçada. Felizmente o clima colaborou, os trabalhadores não chegaram a vivenciar isso, porém fica clara a necessidade de reavaliação da medida que reduziu o estoque de mantimentos. Causar esse nível de estresse em trabalhadores confinados numa plataforma, além dos riscos de deixá-los sem alimentos por erros logísticos e contenção de custos, não paga a economia gerada.

Nas unidades operacionais como a RPBC, UTGCA, TEBAR, Alemoa, Pilões a situação da alimentação dos trabalhadores próprios e terceirizados também não é nada boa.  Destacamos nesse ponto o absurdo que aconteceu nos terminais da Transpetro na Alemoa e em Pilões, onde a força de trabalho se alimentava por conta própria, levando marmitas, em locais sem a menor estrutura de instalações e higiene. A gerência da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC) Também foi forçada a implantar melhorias na alimentação da unidade, cuja qualidade vinha gerando indignação em toda categoria petroleira.

A diretoria do Sindipetro-LP reforça a orientação de que a força de trabalho siga fiscalizando se os contratos estão cumprindo suas obrigações de forma satisfatória. Caso seja constatada qualquer irregularidade, pedimos que o trabalhador guarde comprovação e comunique aos diretores de base ou liberados para que novas providências sejam tomadas.  Além disso, o sindicato exige que a gerência pare de ficar prestando atenção em quem segura ou não o corrimão e cuide dos trabalhadores de forma geral.