Enquanto Petrobrás finge propor "avanços", petroleiros discutem greve em seminário

Dia 20 tem Assembleia

Petroleiros do Litoral Paulista realizaram no último sábado (10), na sede (Santos) e subsede (São Sebastião) do Sindipetro-LP, Seminário Qualificado de Greve. Em um encontro bastante representativo, cerca de 50 trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas discutiram as melhores estratégias de luta para concretizar a palavra de ordem desta campanha reivindicatória: nenhum direito a menos!

O seminário ocorreu poucas horas após a categoria receber das mãos da direção da empresa a terceira proposta de renovação do ACT. Nova "proposta", porém nenhuma novidade. Seguem os principais ataques, como o reajuste abaixo da inflação, a retirada de direitos fundamentais e o cerco ao movimento sindical.

Hipótese levantada durante o seminário, é possível que a empresa tente vencer a categoria pelo cansaço. Se esta é a estratégia o resultado será - pelo que se viu nos seminários e assembleias já realizadas - um retumbante fracasso.

Os petroleiros estão indignados e não é por acaso. Em um período de lucro recorde (R$ 18,9 bilhões no 2º trimestre), a direção oferece aos responsáveis pela produção um pacote de maldades que tem como pano de fundo a agenda privatizante da gestão Bolsonaro. Por isso, a campanha reivindicatória deste ano não se reduz à manutenção de direitos. Por meio desta luta, há uma briga muito maior: a sobrevivência da categoria.

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Alvo da tentativa de privatização dos governos Collor e FHC, do início dos anos 1990 ao início dos anos 2000, a categoria sabe que um ingrediente obrigatório da receita neoliberal é a redução não só de direitos, mas também e principalmente da força de trabalho. Por isso, se a alta cúpula insistir em seu projeto de desmonte, a categoria não hesitará em deflagrar a greve nacional e unificada das 17 bases petroleiras.

Durante o seminário, que contou com o repasse das conclusões do Seminário de Greve da FNP e orientação jurídica sobre o direito de greve, com o advogado José Henrique Coelho, várias contribuições e reflexões foram compartilhadas. Divididos em três grupos, sendo dois em Santos e um em São Sebastião, trabalhadores de base e dirigentes sindicais puderam expor suas dúvidas, impressões e propostas. As deliberações do Seminário de greve podem ser acessadas baixando o arquivo aqui.

Como consenso, a compreensão de que o fiel da balança para o sucesso da greve será a adesão da categoria. Em outras palavras, o antídoto para dilemas que sempre enfrentamos como o controle da contingência, as punições aos grevistas, o assédio sobre os supervisores e outros cargos gerenciais passa pela construção de uma mobilização onde a maioria esteja em luta.

Também foi lembrado que a esperança de um acordo digno não poderá ser transferida para a Justiça. Cada vez mais alinhados aos interesses econômicos, com decisões unilaterais em favor da elite patronal, sobretudo após a reforma trabalhista, os tribunais têm cumprido um desserviço quando o assunto são conflitos trabalhistas e sociais. E não precisamos remontar à histórica greve de 1995 para manter viva esta lição. Basta lembrar o último ACT, quando nossa greve foi proibida antes mesmo de ser deflagrada.

Próximos passos
Uma marca do seminário foi a produção de sínteses importantes e propostas objetivas para a construção da greve. Todas elas serão encaminhadas ao Seminário Unificado de Greve FNP-FUP, cuja data será definida na reunião que as federações realizam na próxima quarta-feira (14).

Com o acumulo adquirido a partir da elaboração coletiva, os petroleiros que participaram do seminário também voltam às suas bases com uma tarefa muito importante: convocar todos os colegas de trabalho a participar da assembleia do próximo dia 20, quando a categoria terá como tarefa rejeitar em peso a 3ª proposta da empresa.

A responsabilidade da base cresce neste momento, pois a orientação da direção da empresa tem sido para que gerentes participem em peso das assembleias. A rejeição à proposta é grande, mas para se materializar não há fórmula mágica: é preciso participação. A direção do sindicato sozinha não será capaz de representar os interesses da maioria se ela não se fizer presente. A tarefa da semana é casa cheia no dia 20!

Petroleiros presentes no Seminário convocam categoria para Assembleia

Por fim, dando sequência à unidade na luta entre FNP e FUP, no próximo dia 16 já estão confirmados Atos e Paralisações em todo o país contra a venda das refinarias e terminais do Sistema Petrobrás. Mais uma vez, o Litoral Paulista fará sua parte e jogará todas as suas forças para a garantia de um acordo coletivo digno e uma empresa à altura da sua missão: servir o povo e o país.


Todas e todos à Assembleia dia 20!
Nenhum direito a menos!
Defender a Petrobrás é defender o Brasil!