No Litoral Paulista e em todo o país alta cúpula usa e abusa dos cargos de confiança

Indignação na UTGCA

Os petroleiros de todo o país estão assistindo de perto e sentindo na pele as consequências de uma gestão voltada aos lucros dos acionistas e investidores. A novidade, desde que o bastão presidencial passou das mãos de Temer/Parente para Bolsonaro/Castello Branco, é o autoritarismo em escala nunca vista antes.

Todos os dias o Sindipetro-LP recebe denúncias de assédios praticados por gerentes, supervisores, coordenadores, e em grau ainda mais elevado a partir da alta cúpula da empresa. As formas de assédio são variadas e sofisticadas e vão desde comportamentos abusivos, com agressões verbais de ordem pessoal ou profissional, que acarretam problemas físicos e psicológicos, até pressão psicológica, como promessas de promoção, indicação para cargos, desde que o trabalhador se submeta às vontades da chefia.

Um exemplo emblemático do que acontece na empresa foi relatado por um petroleiro lotado na Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba. Leia:

Parece que não há limites para a atual gestão da Petrobrás. A ideia de comprar consciências tomou proporções que beiram a insanidade e leva a situações improváveis, se vivêssemos sob a regulação de um verdadeiro Estado de direito.

A história que está levando os trabalhadores da UTGCA à completa indignação começou há três anos, quando o gerente de operação da unidade convidou cinco operadores a assumirem a função de supervisão. Como a unidade, na época, só tinha 10 vagas de supervisores, e todas ocupadas, os operadores ficariam com a função, mas sem a nomeação e o adicional pertinente ao cargo, confiando na promessa de que a gerência pleitearia as cinco vagas no futuro.

Durante este período, os cinco atuaram e eram reconhecidos pelos colegas como supervisores, porém, ninguém poderia imaginar que a conjectura proto-fascista que assola o país daria luz no dia a dia da nossa unidade de Caraguatatuba.

Na semana passada, no entanto, a gerência da unidade chamou os cinco colegas e disse, sem um pingo de vergonha, do alto de sua arrogância, que eles só seriam nomeados supervisores caso abrissem mão de ações judiciais que porventura tivessem contra a empresa.

Felizmente, a indignação se abateu em três dos trabalhadores, que imediatamente negaram se vender a pressão tão baixa, e não se renderam a falta de bom senso da gestão da nossa empresa. Os trabalhadores da UTGCA parabenizam a postura digna desses três companheiros. Direitos e cidadania não se vende. A capacidade de se indignar é ainda um bem que nós, enquanto categoria jamais poderá perder. De modo algum podemos achar normal que consciências sejam compradas a qualquer preço, muito menos por propostas tão rasteiras e infames quanto esta.

Nós, da UTGCA, não esqueceremos essa tentativa de achaque feita por uma gerência truculenta e autoritária. Temos certeza que dentro da operação eles não acharão quem se venda e a resposta virá, pois da mesma maneira que um dia não dura para sempre uma noite fria e sombria como esta também passará.

Esses que se instalaram na empresa precisam aprender de uma vez por todas que somos uma categoria de respeito, e há mais de seis décadas lutamos pela autonomia do nosso país e pelo engrandecimento da nossa empresa.

Dos gestores da Petrobrás exigimos respeito. Da mesma forma que em outros momentos derrotamos os entreguistas, como nos anos 1990, reconquistaremos uma Petrobrás pública, a serviço do país e do povo brasileiro.

Nova gestão testa tática terrorista no ACT
Já são inúmeras demonstrações de assédio nas bases petroleiras de todo o país, durante nosso acordo coletivo, para que os trabalhadores se submetam à proposta de retirada de direitos da empresa.

E os casos mais comuns têm sido a pressão para que todos os cargos de confiança participem das assembleias e votem a favor da proposta da direção, sob a ameaça de perda do cargo. Foi o que ocorreu, por exemplo, com supervisores de Urucu (AM), que foram destituídos e até hoje não voltaram aos seus cargos.

O assédio aos cargos de confiança é constante e na última assembleia do Sindipetro-LP, realizada na quinta-feira (10), pudemos perceber isso: 133 trabalhadores, entre gerentes, supervisores e coordenadores, foram forçados a comparecer à assembleia para votar na proposta da direção da empresa. Mais ainda, tiveram de individualmente buscar na Justiça, via liminar, o direito ao voto. Um direito nada espontâneo, uma vez que o livre arbítrio e o direito ao livre pensamento simplesmente não existem. O que existe é a obrigação explícita de seguir a orientação da direção da empresa.

Devemos lembrar ainda que as ameaças não começaram a partir de nossa campanha reivindicatória. Devemos lembrar ainda que, em fevereiro, o gerente executivo da companhia, Claudio Costa, realizou reunião no Edisp, em São Paulo, para comunicar que refinarias seriam fechadas e muitos seriam demitidos numa postura claramente terrorista e antissindical.

Todas as formas de assédio apresentados demonstram que para os atuais gestores do país e da companhia quem está no comando tem o poder sobre os demais. No entanto, quanto mais a direção da empresa aposta no terrorismo mais a categoria responde com indignação e luta.

Para o petroleiro consciente do papel social da Petrobrás ao país não se trata apenas da manutenção dos direitos conquistados, mas do futuro das próximas gerações e da Petrobrás como ferramenta para o desenvolvimento justo do país.

Aos petroleiros que vivem entre ameaças e benesses das gerências, cabe lembrar os exemplos da antiga Cosipa, Vale do Rio Doce e, mais recentemente, Embraer: os cargos de confiança são os primeiros a serem demitidos.

Atente para sua consciência: juntos somos mais fortes!