Deterioração da linha de incêndio coloca em risco os trabalhadores do Tebar e a cidade de São Sebastião

Descaso

Mais uma situação de descaso e risco iminente assola o Terminal Almirante Barroso, em São Sebastião. No último dia 17 de dezembro foi realizado um simulado de acidente e uma linha de combate a incêndio, em um trecho na Gleba A, se rompeu.

A linha de incêndio acumula anos sem manutenção adequada, sendo abastecida com água do mar, o que acelera a sua degradação. Para se ter ideia do tamanho do problema, dos cerca de 11 km de linhas presentes em terra apenas 10% dos trechos são novos, sendo que o restante está vilipendiado, tendo constantes vazamentos. Já os píeres somam um total superior a 4 km, composto por 40% de trechos antigos. A linha de incêndio possui mais de 30 furos. Tanto descaso coloca em risco a segurança dos trabalhadores, da planta, da comunidade no entorno e do meio ambiente.

Para se ter ideia da gravidade do assunto se o vazamento de petróleo que aconteceu dia 8 de dezembro, conforme divulgado na matéria intitulada “Rompimento de instrumento de vazão causa vazamento de petróleo no Tebar”, tivesse culminado em um incêndio não haveria água para apagar as chamas. Afora isso, a empresa demonstra claro desrespeito perante a Norma Regulamentadora 20. Com a revisão da NR 20. publicada no dia 9 de dezembro, através da portaria nº 1.360, consta agora que as empresas devem cumprir o item 20.10.9, ou seja, o plano de inspeção e manutenção deve contemplar as tubulações de água utilizadas para combate a incêndio. Isso foi uma grande avanço graças aos esforços da bancada dos trabalhadores, composta também pelo Sindipetro-LP, que conseguiu vencer o patronal. 

A grande ironia, se é que podemos chamar assim, é que nos dias anteriores ao acidente seria realizado um trabalho linha de incêndio, que já estava furada em um trecho próximo ao SAO-IV, mas um dos COTUR demorou muito para fazer os alinhamentos e o serviço foi adiado.  No dia seguinte outro COTUR não liberou a realização dos trabalhos fato que deixou a linha de incêndio totalmente vazia e sem pressão.

Entenda o caso

As linhas de incêndio são abastecidas com água do mar o que acelera o processo corrosivo. Essas linhas foram concebidas para operar com água doce na maior parte do tempo, ou seja, num cenário de normalidade, o sistema deveria conter água doce em seu interior. Todavia, num sinistro, pode circular água do mar, porém retornam à normalidade, a água salgada, presente na tubulação, deveria ser deslocada pela água doce.

Apesar dos gestores do Tebar afirmarem que o sistema não trabalha com água salgada, isso é facilmente comprovado durante a limpeza de equipamentos onde após evaporação o sal fica depositado sobre a superfície, gerando contradição no que eles apregoam.  Inúmeros são os casos de vazamentos por corrosão interna.

Tanto descaso é fruto da política de redução de gastos e do quadro funcional que os gestores do sistema Petrobrás vêm promovendo. Essa conduta vai acarretando situações inseguras que podem levar a uma tragédia.

No caso do Tebar a redução do quadro de operadores dificulta o combate a fogo ou incêndio, uma vez que eles são brigadistas. A transferência de um operador do píer para a casa de controle em terra, bem como a alteração do Manual de Operações do TEBAR, realizada em julho desse ano, eliminando a obrigação de alocar quatro técnicos de operação nos píeres, abrindo a possibilidade de diminuir ainda mais o número de trabalhadores no local, vai dificultar muito um possível combate a fogo ou incêndio nos píeres. O quadro é claro os trabalhadores do terminal trabalham no sistema de roleta russa sem saber o que pode atingi-los.