Trabalhador terceirizado morre e 5 são internados após incidente na P-70

Luto

Iniciamos o ano no Sistema Petrobrás com uma terrível notícia: o óbito de um trabalhador e internação hospitalar de outros cinco, todos brasileiros, durante o transporte da plataforma P-70 do Estaleiro Qingdao, na China, onde foi construída, para o Brasil.

De acordo com comunicado enviado pela Boskalis, empresa holandesa, contratada pela China Offshore Oil Engineering Corporation (COOEC) para o reboque da P-70, os trabalhadores avisaram a empresa que haviam ingerido um produto de limpeza, composto por etanol e metanol. Segundo a Boskalis, os fatos foram relatados pelos trabalhadores somente 36 horas depois de terem ingerido a substância, neste momento já com graves sintomas de adoecimento. Após a notificação, a empresa mudou a rota para a Costa da África e um socorro médico por helicóptero foi acionado, porém um dos trabalhadores não resistiu e morreu antes mesmo de ter recebido assistência médica. Outros cinco trabalhadores desembarcaram em Durban, África do Sul, onde foram internados.

Diante da tragédia, mais uma vez testemunhamos uma vida perdida subordinada à lógica perversa do lucro a qualquer custo. Em matéria divulgada pelo Estadão, a declaração dos porta-vozes da Petrobrás foi reduzida à confirmação do incidente e afirmação de “que o cronograma de instalação da unidade não será alterado”.

Posteriormente, a própria companhia brasileira divulgou comunicado lamentando a morte e garantindo toda assistência seja prestada, informando que "está em contato com o estaleiro chinês COOEC, contratante da Boskalis, para que todas as providências cabíveis sejam tomadas".

No entanto, na mesma nota aproveita para divulgar a forma “inovadora” e menos custosa de transporte da plataforma do continente asiático até o solo brasileiro. O navio Boka Vanguard, da empresa holandesa Boskalis, contratado pela China Offshore Oil Engineering Corporation (COOEC), partiu no início de dezembro de Qingdao. A P-70 segue para operação na Bacia de Santos.

Vale lembrar que a construção das plataformas da empresa em solo chinês faz parte da política de desmonte e privatização da companhia, cuja consequência é o sucateamento dos estaleiros nacionais e a transferência de postos de trabalho qualificados para o exterior. A plataforma está ainda sob gestão da Engenharia (CRGE), lotada no Rio de Janeiro, que detém os contatos com a COOEC, contratada para montagem da plataforma, que por sua vez é contratante de Boskalis.

A diretoria do Sindipetro-LP procurou a Unidade de Negócios de Exploração e Produção da Bacia de Santos (UN-BS) para esclarecimentos, porém foi informada que os detalhes do acidentes não são conhecidos, tendo em vista que a plataforma ainda não foi entregue à Unidade de Negócios. E também, sabemos, por ser tratar de um petroleiro terceirizado.

Deixamos aqui registrado o pesar pela morte do trabalhador e condolências às famílias de todos trabalhadores envolvidos.