Petróleo em baixa coloca em xeque estratégia da Petrobrás de focar em exploração

Refino

A queda no preço internacional do barril de petróleo coloca em xeque a política da Petrobrás de concentrar a ação da empresa em exploração do pré-sal, abrindo mão do refino.

Segundo a previsão de especialistas, o cenário de baixa do petróleo, provocado pela crise gerada pela pandemia e pela guerra de preços entre os países da Opep, deve se estender por mais tempo. A cotação do petróleo caiu 60% neste ano.

Segundo o jornal britânico Financial Times, esta pode ser a pior crise no setor de petróleo nos últimos 100 anos. Com o derretimento dos preços, é o fim da era em que a produção é muito mais lucrativa. Para se ter uma ideia, o valor atual do brent, US$ 24,91, é a metade da média do preço do barril se considerarmos o período de janeiro de 1990 até hoje, e equivale a 38% da média do valor do brent no século XXI.

Não à toa, entre as gigantes do petróleo, a Petrobrás foi a que mais sofreu desvalorização na atual crise. O valor de mercado da empresa despencou 57% na Bolsa de Valores de Nova Iorque, em um mês, até a última sexta-feira. Queda muito maior que a da Shell e Exxon (25,8%) e que a chine Sinopec (8%).

Segundo Rodrigo Leão, diretor técnico do Ineep (Instituto Nacional de Estudos Estratégicos do Petróleo), a estratégia da Petrobrás de se concentrar na exploração e produção de petróleo – enquanto as concorrentes diversificam investimento – ajudou a penalizar a estatal.

Refinarias estratégicas
Com aprofundamento da crise e a queda do petróleo, manter as refinarias da estatal é estratégico para a recuperação da economia do país e para sobrevivência da própria Petrobrás.

Com a exportação da commodity cada vez menos lucrativa, a manutenção do refino poderá assumir papel central na garantia de lucro da empresa. Além disso, a produção de combustível nacional protegeria o mercado interno da alta do dólar, que a cada dia atinge patamares históricos.

No último dia 20, a Petrobrás suspendeu, temporariamente, a venda de refinarias, devido à pandemia. Mas isso não significa que a privatização saiu dos planos de Bolsonaro, Paulo Guedes e Castello Branco.

Fonte: Sndipetro-SJC