Petrobrás corta serviços e companhias demitem

Manutenção nas plataformas

Nas últimas semanas, estatal informou aos seus principais fornecedores a suspensão de uma série de trabalhos programados, inclusive nas plataformas do pré-sal 

Em meio ao choque de preços do petróleo e à pandemia da covid-19, a Petrobrás decidiu cortar boa parte dos serviços de manutenção de suas plataformas, nas últimas semanas. A estatal informou aos seus principais fornecedores a suspensão de uma série de trabalhos programados, inclusive nas unidades do pré-sal.

Segundo uma fonte da indústria de bens e serviços, a medida afetará em cheio o faturamento de empresas especializadas na área, como a Actemium (da Vinci Energies Brasil), Cobra, CSE/Aker, Estrutural, Imetame e MotaEngil, e deve desencadear em milhares de demissões de terceirizados, sobretudo na região de Macaé (RJ), município que abriga a base de apoio às operações da Bacia de Campos.

Junto com a redução das atividades de manutenção, a companhia também desmobilizou as embarcações de apoio envolvidas no serviço, as chamadas Unidades de Manutenção e Segurança (UMS). A meta da Petrobras é cortar em 10% os seus custos totais em 2020.

A Petrobrás esclarece que não houve cancelamento ou suspensão dos contratos de manutenção, mas que a companhia reduziu a quantidade de atividades a bordo das plataformas visando a “reduzir ao máximo possível o risco de exposição das pessoas à covid-19, garantindo sempre condições de segurança e integridade e o cumprimento das orientações emanadas pelos órgãos reguladores”.

A medida afeta, sobretudo, as plataformas das bacias de Campos, Santos e Espírito Santo. Segundo a fonte, a redução das atividades de manutenção representa um corte imediato no faturamento das fornecedoras, uma vez que elas são remuneradas pelos serviços efetivamente prestados. A redução do efetivo, em alguns casos, relata a fonte, chega a 70%. Para uma das empresas afetadas, o faturamento mensal caiu para cerca de um terço dos patamares anteriores à crise.

Segundo o coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Tezeu Bezerra, as demissões em Macaé já começaram. Ele lembra que a redução das atividades de manutenção se segue à hibernação (desativação) das plataformas em águas rasas, o que tem contraído o mercado de trabalho na indústria de bens e serviços da região. Bezerra conta que os desligamentos vêm ocorrendo desde março, de empresas como a Elfe e CSE. O sindicalista acredita que cerca de 6 mil terceirizados podem perder o emprego em Macaé, em meio à atua crise.

Para Leonardo Dias, diretor do Parque Industrial Bellavista, espécie de condomínio industrial de Macaé, o impacto da atual crise na indústria petrolífera local é “muito grande”. Segundo o executivo, o setor preparava-se para a retomada e foi pego de surpresa pelo choque de preços. “Tinha muita gente interessada em aumentar investimentos, mas acredito que a crise atrasa um pouco mais a retomada”, afirma.

Dias conta que o Bellavista chegou a iniciar conversas com empresas interessadas em se instalar em Macaé, mas que as negociações pararam.

Fonte: Valor Econômico