Contra retirada da Petrobrás de SP, petroleiros protestam em Santos neste sábado (30)

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O desmonte das atividades da Petrobrás no estado de São Paulo será alvo de protesto da categoria petroleira no próximo sábado (30), a partir das 9h30, no Edifício Valongo, em Santos. Para cumprir as medidas de distanciamento social, será um ato silencioso que se manifestará através de denúncias e reivindicações inscritas em cartazes. A escolha do prédio administrativo da companhia como local do ato tem um papel simbólico: unidade onde até aqui a empresa centralizava as operações de suporte às atividades de exploração e produção nas plataformas do pré-sal, o Valongo vem sofrendo um esvaziamento de suas atividades, com transferências de empregados próprios para o Rio de Janeiro e demissões de trabalhadores terceirizados.

Diante de sua gravidade, o assunto ganhou destaque em jornais e portais de notícia como A Tribuna, Folha Santista e Click Petróleo e Gás. Após publicar matéria de página inteira, sob o título ‘Petrobras transfere empregados ao Rio’, na edição de 22 de maio, o jornal A Tribuna publicou editorial, no dia 23, propondo alternativas. No mesmo dia, em reportagem intitulada “Classe Política da Baixada Santista cobra explicações da Petrobras”, cita críticas do prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), e dos deputados federais eleitos pela região, Rosana Valle (PSB) e Júnior Bozzella (PSL), às medidas da gestão da Petrobrás.

Barbosa disse que cobraria a empresa sobre os seus planos e Rosana Valle, como já havia adiantado um dia antes, ao Diário do Litoral, disse que apelou a Jair Bolsonaro, e ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para que impeçam o esvaziamento da empresa em Santos. Para nenhum dos gestos o Sindicato foi procurado para fornecer mais informações e, desde então, não sabemos se respostas foram fornecidas pelo presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, e pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.

Vereadores de Santos aprovam Moção de Repúdio
No último dia 26 de maio, durante a 28ª Sessão da Câmara de Vereadores de Santos, uma moção de repúdio ao esvaziamento das atividades da Petrobrás em Santos foi aprovada pelos vereadores. Autor da moção, Ademir Pestana (PSDB) fez a leitura do requerimento, afirmando que “o início da saída da Petrobrás de nossa cidade é prenúncio de grandes prejuízos futuros para o estado de São Paulo e consequentemente para Santos”.

Outros vereadores também comentaram a decisão. Telma de Souza (PT) lembrou que a luta pela consolidação da Unidade de Negócios em Santos começou em 2006, vencendo na época a concorrência com Niterói (RJ), e Chico Nogueira (PT) denunciou a medida como parte da política de sucateamento das estatais pelo governo federal. Por sua vez, Benedito Furtado (PSB) opinou que o desmonte da Petrobrás reflete a máxima da extrema-direita, cuja política é a defesa do estado mínimo. Outros parlamentares, como Adilson dos Santos Júnior (PP), Audrey Kleys (PP), Manoel Constantino (PSDB) e Carlos Teixeira Filho (PSDB), também criticaram as medidas da empresa, reforçando a preocupação com os impactos sobre a economia local.

A moção de repúdio aprovada na Câmara é uma sinalização importante dos vereadores santistas, que agora têm como tarefa ampliar a denúncia sobre o que vem ocorrendo na empresa, denunciando em seus canais de comunicação a privatização da empresa e, principalmente, se articulando aos demais deputados (federais e estaduais), senadores e o próprio governador para exigir do presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, o cancelamento imediato desta política desastrosa. Em nota oficial, na qual lista o histórico de medidas que apontam para o abandono do estado de São Paulo, o sindicato opina que sem a resistência dos trabalhadores e uma articulação envolvendo todos os atores políticos do Estado o futuro do Valongo é fechar as portas com demissões em massa.

Além de protestar contra esta política, o ato também pautará o que vem ocorrendo na Refinaria de Cubatão (SP), onde a negligência da gerência vem colocando toda a força de trabalho sob o risco de contaminação pela Covid-19. Dezenas de trabalhadores testaram positivo para o vírus, seis deles seguem internados (dois em UTIs) e um petroleiro terceirizado, no dia 19, acabou falecendo após lutar por 15 dias contra o novo coronavírus. Por isso, será um ato em defesa do emprego e da economia local, mas será também um protesto em defesa de uma Petrobrás a serviço do país, cujos valores e compromissos coloquem a vida acima do lucro dos seus acionistas.