Gestão bolsonarista da Petrobrás financia fake news na internet

Denúncia

Em que mundo a distribuição de máscaras com mensagem contra a privatização e logo da Petrobrás, realizada pelo Sindipetro-LP para conter a pandemia da Covid-19, é uma ação mais nociva - e ilegal - que o financiamento de canais no youtube e sites na internet que espalham fake news? Podemos perguntar ainda em que tipo de empresa investir em publicidade com influenciadores digitais que estimulam atos golpistas e o negacionismo anticientífico diante da Covid-19 é mais estratégico que utilizar recursos para proteger seus trabalhadores do novo coronavírus?


Respondemos: no mundo do presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, bolsonarista de carteirinha. Enquanto se empenha em proibir na Justiça a distribuição de máscaras aos seus empregados pelo Sindipetro-LP, sob a alegação do uso indevido um símbolo da empresa, a alta direção da companhia vê legalidade e moralidade no uso de recursos da Petrobrás para patrocinar sites e canais do Youtube com conteúdo fascista.


A publicidade de estatais a sites e canais bolsonaristas foi denunciada por matéria veiculada no jornal O Globo no domingo (31) e teve repercussão nacional em outros sites, com matéria especial na revista eletrônica Fantástico, sobre a CPI das fake News.

Ao todo, 28.845 anúncios da Petrobrás e da Eletrobrás foram veiculados nestes canais entre janeiro de 2017 e julho de 2019, antes e durante o governo Bolsonaro. Dentre os beneficiados estão os bloqueios Allan dos Santos, do canal “Terça Livre”, Enzo Leonardo Suzi Momenti, do canal “Enzuh”, e Bernardo Pires Kuster, os três alvos de mandados de busca e apreensão na última quarta-feira (26).

Enquanto reserva energia e boas somas em dinheiro para promover mídias que apoiam a privatização da empresa, Castello Branco tem feito um papel pífio no combate à pandemia pelo novo coronavírus, sem disposição ao menos de distribuir em quantidade suficiente à toda força de trabalho álcool gel e máscaras de proteção. Como resultado, somente na RPBC três trabalhadores já morreram em decorrência da Covid-19, outros 50 testaram positivo e 18 ainda estão sob suspeita. Em resposta às denúncias e reivindicações do Sindipetro-LP e demais sindicatos da FNP, a empresa demora em implantar com a abrangência e urgência necessárias os testes em massa nos trabalhadores, agindo como se não houvesse uma crise sanitária e social sem precedentes a ser combatida.

Em resposta à reportagem de O Globo, a empresa nega que tenha conhecimento de onde suas peças publicitárias são distribuídas. No entanto, de acordo com a Petrobrás,  são os algoritmos das redes de conteúdo contratadas por ela que fazem a distribuição da verba e a companhia disse que utiliza ferramentas “para identificar conteúdos impróprios para a marca”e que, “se durante a campanha houver a constatação de veiculação em canais inadequados, é solicitada a exclusão deles”.

Embora as empresas estatais neguem saber para onde encaminham suas publicidades, bastou um ‘twitte” do filho do presidente, o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, reclamando o fim do patrocínio do Banco do Brasil para um site que espalha fake News, para que o secretário da Comunicação Fabio Wajngarten restabelecesse o patrocínio.

Após a repercussão da interferência do secretário, o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou que o Banco do Brasil suspendesse parte das campanhas em sites, blogs e redes sociais.

Ações populares e de organizações sociais apontam uma saída
Apesar da onda fascista passar a dar as caras sem o menor pudor no Brasil, iniciativas de combate a esses grupos radicais começaram a dar resultado. No último domingo (31), seguindo ações que já haviam desbaratado manifestações fascistas de bolsonaristas, ativistas de organizações de esquerda, movimento sociais e integrantes de torcidas organizadas de futebol foram às ruas enfrentar o discurso de ódio, os pedidos de intervenção militar e fechamento do STF.

Outra ação que tem obtido resultados efetivos, pois mexe no bolso dos sites que propagam fakenews, é o movimento Sleeping Giants Brasil, que mantém uma conta no Twitter para expor empresas que, cientes ou não, patrocinam sites que espalham e produzem notícias falsas.

Fortalecer as organizações dos trabalhadores também impedem a livre ação dos empresários, que estão focados em manter os lucros das empresas, custem as vidas e empregos que custarem. As ações jurídicas e políticas do Sindipetro-LP e da FNP têm resultado em liminares que impediram a demissão de trabalhadores que participaram da greve e obrigado a empresa a cumprir o ACT, que passa por manter direitos dos trabalhadores, apesar do plano de resiliência de Castello Branco. Aliás, o movimento sindical já estuda ações no campo jurídico para questionar o patrocínio da Petrobrás a sites que disseminam fakenews.

Cabe aos trabalhadores manterem-se organizados e unidos para enfrentar a onda fascista, a destruição de direitos e a política genocida de Bolsonaro!